Em declarações aos deputados na comissão parlamentar de inquérito ao colapso do BES, os ex-administradores Jorge Martins e João Freixa referiram que foram vendidos aos clientes de retalho aos balcões do BES 23 milhões de euros em papel comercial. E dizem que provavelmente isto aconteceu já depois da proibição do supervisor bancário, porque as duas emissões já estavam em marcha antes desta data, razão pela qual a rede não travou as duas emissões.
À questão “quem podia travar estas vendas ou o deveria ter feito?”, não há resposta. No entanto, Jorge Martins especifica que a oferta do papel comercial a partir de 7 de setembro de 2013 aos balcões do BES começou por colocar cerca de 480 milhões de euros, dos quais 428 milhões de euros em dívida da ESI e 36 milhões de euros em dívida da Espírito Santo Saúde.
E continua. Em dezembro de 2013, o montante em papel comercial aumenta para 1720 milhões de euros, dos quais 1220 milhões em papel da ESI, 440 milhões de euros em papel comercial da Rioforte, 36 milhões em dívida da ESSaúde e 22,5 milhões em papel comercial da Espart.
Em março de 2014, refere o mesmo responsável, o montante desce para 1000 milhões de euros, a maioria, cerca de 600 milhões, na ESI, 385 milhões na Rioforte e os restantes na ESSaúde. E, em maio, remata Jorge Martins, o montante aplicado ascendia a 600 milhões de euros: 200 milhões na ESI, 380 milhões na Rioforte, 10 milhões na ESSaúde (já todo pago) e 17 milhões de euros na Espart.
Quer Jorge Martins quer João Freixa asseguram que “pressão para venda foi coisa que não aconteceu”.
Ainda assim, Jorge Martins admite que situações especiais e que possam comportar algum tipo de erro ou avaliação devem ser resolvidas, embora refiram que maioria dos casos dos clientes que subscreveram o papel comercial são clientes de private e os chamados “clientes 360 graus”, com caraterísticas de perfil mais informado financeiramente.
RE
