Malala Yousafzai, a jovem paquistanesa baleada pelos talibãs em outubro de 2012, criticou o Governo nigeriano e os líderes mundiais de não fazerem tudo o que está ao seu alcance para libertarem as centenas de raparigas raptadas pelo Boko Haram há quase um ano, em abril de 2014.
“Líderes nigerianos e comunidade internacional podem fazer muito mais para resolver esta crise e alterar a fraca resposta que têm dado até ao momento”, escreveu a Prémio Nobel da Paz, este sábado, no seu blogue pessoal. “Se estas raparigas fossem filhas de pais política ou financeiramente poderosos, muito mais teria sido feito para libertá-las”, acusou Malala. “Mas elas provêm de uma zona pobre do nordeste da Nigéria e infelizmente pouco mudou desde que foram raptadas.”
Malala dirigiu-se diretamente ao próximo Governo da Nigéria, que sairá das eleições do próximo mês – as eleições previstas para o próximo domingo, 14 de fevereiro, foram adiadas seis semanas -, para que dê prioridade à libertação das centenas de raparigas da localidade de Chibok nos 100 primeiros dias de governação.
“Os políticos candidatos às eleições de março próximo não devem apenas demonstrar a sua empatia mas assumir responsabilidades por esta tragédia.” A jovem paquistanesa instou os líderes da Nigéria a trabalharem juntos para ajudar as meninas e assegurarem o direito à educação de todas as crianças nigerianas. Recorde-se que os extremistas do Boko Haram controlam grande parte do nordeste da Nigéria e defendem a criação de um Estado islâmico onde a educação ocidental seja proibida.
Malala visitou a Nigéria em julho do ano passado, onde se encontrou com algumas das jovens que escaparam ao ataque poucos meses antes, e com o Presidente nigeriano Goodluck Jonathan.
Hoje, quando passam exatamente 300 dias desde o desaparecimento das mais de duas centenas de jovens nigerianas, Malala volta a chamar a atenção do mundo para este drama: “Estas jovens mulheres arriscaram tudo para terem uma educação que muitos de nós damos como garantida. Não vou esquecer-me das minhas irmãs. Não podemos esquecê-las. Temos de exigir a sua libertação até que estejam de novo junto das suas famílias e de volta à escola, a receber a educação que tão desesperadamente desejam”.
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