Depois da Quintã, o Malhão é a segunda localidade do concelho de Loulé a ter concluído um “Condomínio de Aldeia”, projeto que nasce de uma candidatura ao Fundo Ambiental, sob a égide da transformação da paisagem em territórios florestais vulneráveis, avançou esta semana a autarquia.
No meio de uma natureza resplandecente, foram intervencionados 36 hectares à volta do aglomerado rural, permitindo criar uma maior resiliência da comunidade aos incêndios rurais, assim como vitalizar e apoiar os habitats naturais e a floresta autóctone da região.
Nesta parcela de terreno foram plantadas 1900 árvores e arbustos. Como explicou a técnica do Serviço de Proteção Civil da autarquia, Maria de Deus Domingos, as ações levadas a cabo passaram pela “limpeza e plantação de novas espécies, o adensamento com medronheiros, oliveiras e figueiras, e, numa outra área, foi realizada apenas a beneficiação, a marcação dos sobreiros e das azinheiras existentes”.
Todos os trabalhos tiveram o acordo dos proprietários, já que, como salientou Patrícia Cruz, do Gabinete Técnico Florestal do município, “estas intervenções foram sempre discutidas e avaliadas juntamente com os proprietários, tendo em conta que estamos perante áreas totalmente privadas”.
Nos próximos cinco anos, os serviços camarários terão a incumbência de fazer a manutenção desta área, nomeadamente ao nível da rega e tratamento das árvores.
Em comunicado, a autarquia refere que o investimento na criação deste “Condomínio de Aldeia” foi de perto de 42 mil euros. No entanto, esta candidatura ao Fundo Ambiental, inscrito no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), englobou o projeto em Vale Maria Dias, ainda em fase de implantação, com um valor que ronda os 76 mil euros.
Tal como a Quintã, estes dois “Condomínios” localizam-se na freguesia de Salir, a única do concelho de Loulé que reúne as características, em termos de ordenamento do território e nível de risco de incêndio rural, para receber este tipo de projeto.
“Queremos que as pessoas que cá ficam não sejam remetidos à condição de guardiões do ambiente. Queremos também que estas políticas acrescentem valor à economia destas pessoas. Temos novas plantações de espécies com valor económico, temos a colheita do fruto, temos outras medidas políticas que estão a ser estudadas neste momento para atribuir valor aos serviços dos ecossistemas. Em Loulé, estamos a fazer um trabalho pioneiro que é atribuir valor aos serviços prestados pelas plantas, pelas árvores, pela paisagem, pela natureza pura”, adiantou Vítor Aleixo, presidente da Câmara de Loulé.