Marcelo Rebelo de Sousa disse este domingo, no seu comentário habitual na TVI, que o Presidente da República “não se deveria ter pronunciado” sobre o caso das dívidas do primeiro-ministro.
Em declarações no sábado, Cavaco Silva associou as dívidas do primeiro-ministro a uma luta política em ambiente de pré-campanha eleitoral. Marcelo defende que o Presidente “não esteve feliz” nessa intervenção.
“O Presidente teve de reconhecer uma coisa que é da sua responsabilidade”, afirmou. “Quando diz que há este clima, a principal responsabilidade é do Presidente, que não quis marcar eleições mais cedo.” Marcelo disse ainda que Cavaco Silva “deveria ter prevenido isto” e que vê na sua intervenção um “esvaziamento do papel do Presidente”.
Lembrando que, “de amanhã a um ano”, termina o mandato presidencial, o ex-líder do PSD disse esperar que Cavaco Silva “tenha cuidado com as intervenções”.
“Mais valia uma só vez pedir desculpa”
Quanto ao comportamento do primeiro-ministro, Marcelo Rebelo de Sousa sustenta que as explicações de Passos Coelho foram “excessivas, muito numerosas e não obedecendo a uma lógica sequencial”. A explicação que considerou a “mais completa” foi a que deu no discurso de encerramento das Jornadas Parlamentares do PSD.
Contudo, lembra que Passos não pediu desculpa. “Mais valia uma só vez pedir desculpa.” Para o ex-líder do PSD, a atitude do primeiro-ministro deveria passar por reconhecer o rigor que exigiu aos portugueses, que pode “ser interpretado como contrário” ao seu comportamento.
“Esse pedido de desculpa teria lógica, não basta o pagamento voluntário”, acrescentou Marcelo, defendendo que as pessoas “gostam de ver nos políticos um exemplo de consistência ao longo da carreira”. Quanto à explicação em que Passos Coelho se refere à polémica como um “ataque”, o comentador concorda com a existência de uma “querela pré-eleitoral”.
“Ele tem razão em dizer que isto foi empolado em termo eleitorais”, defende. “Há uma questão eleitoral, mas também há um caso político-ético.”
Para Marcelo a questão errada da explicação de Passos Coelho está na “alusão” que fez a José Sócrates, defendendo que o primeiro-ministro “agiu excessivamente” e que misturou o caso judicial de Sócrates com o debate político.
Questionado sobre se existem razões para Passos se demitir, Marcelo Rebelo de Sousa considera que “proceder à demissão era deitar petróleo sobre uma fogueira”, defendendo que resta agora que Passos esclareça tudo no debate quinzenal da Assembleia da República.
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