Mário Centeno voltou às ‘raízes’ para ser professor por um dia

Nascido em Olhão, em 1966, Mário Centeno viveu em Vila Real de Santo António durante toda a infância e parte da adolescência

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Mário Centeno, governador do Banco de Portugal e antigo ministro das Finanças, foi o anfitrião de uma aula aberta preparada para 200 alunos da Escola Secundária João de Deus, em Faro, onde o seu pai, natural de Alcoutim, fez o ensino secundário. A atual conjuntura económica e a política monetária estiveram no centro do debate, realizado no dia 20 de janeiro, onde não faltaram as questões de alunos e professores atentos às consequências da crise inflacionária.

O antigo presidente do Eurogrupo atribuiu o “sucesso” no desempenho económico do país à melhoria dos níveis de escolaridade e educação dos portugueses, que classificou como a “mais silenciosa das revoluções”.

“A economia portuguesa saiu no ano de 2022 a crescer mais do que a economia europeia, e o que os modelos nos indicam hoje é que vai continuar assim nos próximos tempos. Há um fator que consigo isolar para justificar o sucesso, que é a melhoria dos níveis de escolaridade e educação dos portugueses”, declarou o também professor catedrático.

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Durante a sua intervenção, Centeno sublinhou a ideia de que “Portugal tem de estar orgulhoso de si próprio. Nós passámos pela situação mais difícil que um país pode passar, ultrapassámo-lo com sucesso que, posso garantir-vos aqui, como algarvio, saído de Olhão, é reconhecido por todos. Hoje, todos reconhecem o sucesso que Portugal teve na ultrapassagem das enormes dificuldades que vivemos”, afirmou.

Nascido em Olhão, em 1966, Mário Centeno viveu em Vila Real de Santo António durante toda a infância e parte da adolescência, até aos 15 anos, vindo depois a mudar-se para Lisboa. Governador do Banco de Portugal desde julho de 2020, doutorou-se em Economia pela Universidade de Harvard em 2000 e foi ministro das Finanças entre 2015 e 2020.

Mário Centeno e o diretor do Agrupamento de Escolas João de Deus, Carlos Luís

“É um país que está neste momento, talvez, com 50 ou 60 anos de atraso face a outros países, a fazer a mais silenciosa das revoluções e que este auditório cheio demonstra, que é a escolaridade. Se o meu pai esteve nesta escola a fazer o ensino secundário há muitas décadas, muito poucos portugueses nessa altura faziam isso”, recordou.

De acordo com Mário Centeno, se no ano 2000 apenas quatro em 10 portugueses completavam o ensino secundário, altura em que Portugal competia com o México e a Turquia como os países com menor nível de escolaridade da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), hoje “são quase nove em cada 10” que completam o 12.º ano, destaca.

“Em apenas 20 anos iniciámos uma transição que vai levar, pelo menos, mais 20 a concluir”, declarou, respondendo em seguida a questões das pessoas que assistiam à aula, na sua maioria alunos, daquela e de outras escolas, mas também professores.

Um dos alunos perguntou-lhe se, enquanto jovem, alguma vez imaginou ocupar o seu atual cargo ou ser ministro, ao que Mário Centeno respondeu: “Se eu, quando jogava à bola na praça Marquês de Pombal, em Vila Real de Santo António, imaginava que ia estar aqui? A resposta é não. Não vou dizer que clube queria que ganhasse, mas eram essas as minhas preocupações”, gracejou.

Antes da aula aberta, Mário Centeno tinha estado reunido com representantes do setor do turismo na agência de Faro do Banco de Portugal com o objetivo de auscultar as preocupações destas entidades em relação ao panorama económico.

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