Moradores revoltados com “poluição e ruído” provocados por unidade de isolamento de cortiça em Silves

No exterior da fábrica “podem observar-se diversos tipos de pó existentes no espaço envolvente dispostos em montes que, quando arrastados pelo vento, se espalham pelas redondezas, afetando quem vive, circula e trabalha na zona”

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A emissão de fumos e o ruído da Corticeira Amorim Cork Insulation (ACI), dedicada à produção de aglomerados de isolamento de cortiça, instalada em Silves (Vale da Lama), tem motivado, há vários anos, queixas dos moradores pelos fumos e ruídos emitidos.

A situação tem-se “agravado” no concelho de Silves, na área envolvente à corticeira, segundo relatam os “Vizinhos da fábrica”, mas os efeitos da poluição já se fazem sentir no concelho de Lagoa, onde a contaminação do ar “também é notória”.

Segundo relatos de moradores, e para aqueles que passam nas zonas circundantes ao local, “os fumos de cor branca e preta são visíveis a quilómetros de distância”.

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Esta semana, o Bloco de Esquerda (BE) exigiu que a Corticeira Amorim faça “os investimentos necessários” na sua fábrica de Silves para “cumprir com a legislação nacional e europeia ao nível da qualidade do ar e ruído”.

Em comunicado, o partido argumenta que “as grandes nuvens de fumo e os elevados níveis de ruído contínuo emitidos pela fábrica continuam”, evocando os testes que confirmam que os fumos contêm “uma quantidade significativa de Suberin e níveis elevados de Partículas Finas (PM10)” – compostos tóxicos.

A posição pública do BE foi manifestada após uma delegação do partido, formada pelo eurodeputado José Gusmão e pelos dirigentes distritais João Vasconcelos e Sandra da Costa, se ter reunido com o movimento cívico “Vizinhos da fábrica”, formado pelos moradores locais.

O BE refere que os “Vizinhos da fábrica” têm desenvolvido iniciativas, na tentativa de resolver a situação conjuntamente com a Câmara Municipal de Silves e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve. No entanto, “a solução para as questões apresentadas e sobejamente conhecidas pelos envolvidos parece estar longe de ser conhecida”, aponta José Gusmão.

“As soluções estão disponíveis, mas não há urgência em implementá-las. O principal problema é a atitude e mentalidade da Corticeira Amorim, que prejudica a saúde e a subsistência da população vizinha”, lê-se no comunicado.

O BE recordou que em 2020, o seu grupo parlamentar questionou o então ministro do Ambiente sobre a qualidade do ar “com nefastas consequências” para a saúde e qualidade de vida dos moradores, “tendo as respostas minimizado o problema, referindo-se ao fumo como vapor puro e garantindo que não havia motivo para preocupação”.

Segundo o partido, no exterior da fábrica “podem observar-se diversos tipos de pó existentes no espaço envolvente dispostos em montes que, quando arrastados pelo vento, se espalham pelas redondezas, afetando quem vive, circula e trabalha na zona”.

Para o eurodeputado José Gusmão, citado na nota, “não há justificação para que os investimentos já identificados e indispensáveis ao cumprimento da lei não tenham sido realizados”.

No dia 18 de setembro, na sua conta da rede social Twitter, o eurodeputado escreveu: “Esta curiosa estrutura metálica tem uma história. A fábrica por detrás pertence à Corticeira Amorim e tem sido denunciada por emitir poluentes perigosos para ambiente e saúde pública. Perante as denúncias, a empresa atuou prontamente. Removeu o letreiro que identificava a fábrica”, ironiza.

O JA tentou contactar a Corticeira Amorim, a qual não se mostrou disponível para prestar declarações.

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