Muita garganta e pouca voz

Creio ser evidente que no Algarve há muita garganta mas que, em contraste, não tem muita voz. Voz que com propriedade e legitimidade possa fazer-se ouvir em nome dos algarvios por natureza ou que escolheram tal estado de alma. No dia em que se celebra o aniversário deste jornal, creio que a melhor homenagem que se possa fazer é evocar-se as vozes que este jornal foi tendo. E por todas essas vozes, duas – a voz fundacional e de partida, a de José Barão que bastantes ainda conheceram, e a voz salvadora, a de Fernando Reis. As duas vozes estão como brasão de armas nesta bandeira de papel que, semana a semana, vai sendo hasteada e desfraldada indicando os ventos que sopram. Honra seja devida a José Barão, toda a Saudade de Fernando Reis!

Na verdade, tirando dois ou três jornais que podem ser lidos e relidos, acompanhados subsidiariamente por duas ou três edições online, na área da informação de palavra escrita, o Algarve com pouco mais conta. Sim, há também blogues informativos, geralmente dependentes das secções de divulgação cativas das câmaras municipais ou de departamentos públicos que disponham para tal fim de orçamento explícito ou não. E mesmo para os dois ou três jornais com suas extensões subsidiárias, para os que ainda insistem nalguma glória do Reino do Algarve, o noticiário regional da Agência Lusa distribuído a partir de Lisboa, é o rei pago. Redações próprias são também duas ou três que, para uma Informação a sério, estão pior do que o Hospital de Faro está para a Saúde por melhor que seja o diretor clínico.

E vá lá! Ainda assim temos sorte de possuir dois ou três jornais, semana a semana, impressos fora da região como tem que ser sem alternativa técnica e económica viável. Além disso, numa região com fortíssima iliteracia informática e tecnológica, o recurso ao online está longe de garantir o acesso dos algarvios à Informação, agravado pela ausência de um centro de produção televisiva e ainda mais agravado pelo facto da Rádio se limitar a ser um mero gira-discos maior ou menor conforme o salão de baile e consoante o bolso de quem o anima. Por isso, também, honra aos poucos que são três ou quatro, que se esforçam por manter a chama ou o tição olímpico da Informação, em contraste com outras regiões do centro e do norte do país que cada qual tem um ou dois diários regionais, três ou quatro bissemanários, e um bom número de semanários e rádios locais. O Algarve tem dois ou três semanários mantidos com heroicidade, e só Deus sabe como fazem das tripas coração, perante a insensibilidade e as condições vorazes dos podes públicos, uns locais, outros na dormência do Estado.

Portanto, Honra a José Barão, Saudades de Fernando Reis, Ânimo e Força a Luísa Travassos!

Flagrante abate: Quem tem pena das alfarrobeiras?.

Deixe um comentário

Exclusivos

O Algarve vive os desafios duma região que cresceu acima da média nacional

O Governador do Banco de Portugal, natural de Vila Real de Santo António, visitou...

Lar de Demências e Alzheimer em Castro Marim acompanha a elite das neurociências

Maria Joaquina Lourenço, com os seus quase 90 anos, vai caminhando devagar, com o...
00:33:23

Entrevista a Mário Centeno

Recebemos o ilustre conterrâneo, Professor Mário Centeno nas nossas instalações. Foi uma honra imensa poder entrevistá-lo em exclusivo. O Professor, o Governador, deixou os cargos à porta e foi num ambiente familiar que nos falou, salientando que se sentia também honrado em estar naquilo que apelidou de “o nosso jornal”. Hoje, como todos os, verdadeiramente, grandes, continua humilde e afável.

Agricultura regenerativa ganha terreno no Algarve

No Algarve, a maior parte dos agricultores ainda praticam uma agricultura convencional. Retiram a...

Deixe um comentário

Por favor digite o seu comentário!
Por favor, digite o seu nome

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.