Uma mulher de 72 anos e de nacionalidade espanhola foi mordida por um cão na segunda-feira, dia 9 de outubro, enquanto estava a andar na Avenida da República, em Vila Real de Santo António.
Carmen Muñoz, que reside na cidade algarvia, disse ao JA que “no meio de uma esplanada de um dos restaurantes, onde estavam muitas pessoas sentadas e a atravessar o local”, sentiu algo tocar-lhe no ombro esquerdo.
“Depois senti uma mordida e ouvi ladrar. Não vi o cão morder-me, mas virei-me e vi o dono do animal a encurtar a trela na sua mão. Disse-lhe que tinha sido mordida, mas o homem mostrou-me a língua e riu-se na minha cara”, conta ao JA.
Carmen Muñoz disse ainda que “as pessoas que estavam no local começaram a rir” e dirigiu-se posteriormente à esquadra da Polícia de Segurança Pública de Vila Real de Santo António, onde apresentou queixa, apesar de ainda não saber a raça do cão.
“A polícia disse-me que se encontrasse o cão, que o fotografasse. Agora sei que é um cão de raça Dogo Argentino com a cor cinzenta azulada”, acrescenta.
A vítima foi mordida pelo cão na anca direita, ficando com uma ferida “com dois buracos como se tivesse sido mordida por um vampiro”, e dirigiu-se a Huelva, a um hospital privado, pois “sabia que em Vila Real de Santo António ou Ayamonte não iria haver medicação” para ela.
“O médico disse-me que era urgente localizar a pessoa e o seu cão para se saber que vacinas tem o animal. Falei com as pessoas que trabalham no restaurante, que sabem quem é o dono e viram a situação, mas ninguém mexeu um dedo para me ajudar”, salienta.
Contactada pelo JA, o Comando Distrital da Polícia de Segurança Pública confirmou a realização da queixa, tendo elementos daquela força de segurança se dirigido ao local, apesar de não ter sido possível localizar o cão nem o seu dono.
Segundo a mesma fonte disse ao JA, “o veterinário foi informado e a Esquadra de Fiscalização também teve conhecimento do sucedido”.
Este não é um caso virgem.
Dificilmente, será possível encontrar quem goste mais de cães do que eu.
Só que falo de “cães”, os tais nossos amigos incondicionais e fiéis, amistosos quer para os donos, como para qualquer outra pessoa.
Não falo de “feras”, cuja única conotação com a de cães é a de pertencerem à família dos canídeos, “feras” que, tanto quanto presumo, a lei existente obriga a que sejam continuamente mantidos sujeitos a trela e açaimo, aquando na via pública.
O sorriso alarve esboçado pelo dono do referido cão, que, sem aviso e com pura ferocidade, atacou a senhora espanhola, classifica perfeitamente a tipologia de muitos dos donos dessa espécie de animais, que, por norma, são pessoas vazias e, devido a isso, sentem a premente necessidade de imaginar um complemento de afirmação – triste afirmação –, através da compra e exibição de uma dessas “feras”.
Deve ser, manifestamente, o caso vertente.