Nova diretiva europeia que limita experiências científicas colhe diferentes reações em Portugal

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A nova diretiva europeia que limita a utilização de animais em experiências científicas colheu diferentes reações em Portugal, com a Liga dos Direitos do Animal satisfeita, a ANIMAL desiludida e o Instituto de Biologia Molecular a entender que pouco altera.

A nova legislação, já acordada com os Estados-membros da União Europeia, estabelece uma série de condições para a autorização dos projetos, incluindo uma avaliação favorável sobre as repercussões no bem-estar animal.

A diretiva visa promover métodos alternativos e eliminar ou reduzir ao mínimo qualquer possibilidade de dor, sofrimento, angústia ou dano duradouro infligidos aos animais.

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Contactada pela Agência Lusa, a presidente da Liga Portuguesa dos Direitos do Animal lembrou que o trabalho da organização tem sido no sentido do abandono das experiências científicas em animais.

“Congratulamo-nos, esperamos que seja uma realidade, na medida em que muitas vezes essas diretivas são aprovadas a muito longo prazo e nos intervalos há sempre modificações”, adiantou Maria do Céu Sampaio.

A responsável pela Liga lembrou que a “luta” tem sido por um “investimento científico que não envolva animais” e defendeu que há alternativas, sustentando que se os países investirem mais numa perspetiva que não envolva animais “isso dignifica muito mais o ser humano”.

Opinião partilhada pela ANIMAL, para a qual só não há maior investimento nas alternativas ao uso de animais pelo peso que tem a indústria farmacêutica, olhando para a diretiva agora aprovada como “uma grande desilusão”.

“Podia-se ter ido muito mais longe e foi uma oportunidade perdida. Não há qualquer justificação, tendo em conta todos os documentos científicos apresentados”, disse à Lusa a presidente da organização de defesa dos direitos dos animais.

Rita Silva não entende porque é que a nova diretiva deixa de fora “medidas fundamentais”, como a “estimulação da experimentação em métodos não animais” ou “a descrição do que é o sofrimento severo e quem é que o decide”.

Para o Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC), onde existe um biotério, a nova diretiva não traz alterações significativas, apesar de ser “muito diferente em relação à que está em vigor há mais de 20 anos”.

“Para quem faz trabalhos com animais segundo as melhores práticas que existem acordadas na comunidade científica, creio que as alterações não vão ser grandes”, apontou a diretora do grupo de investigação de ciências de animais de laboratório, Anna Olsson.

De acordo com a investigadora, o IBMC tem vindo a fazer “um grande esforço”, desde “há um bom par de anos”, para estar “a par e no ‘front line’ [linha da frente] do desenvolvimento”, dando como exemplo o facto de o instituo já ter uma comissão de ética animal, um dos requisitos exigidos pela nova diretiva.

Questionada sobre se já há alternativas que substituam o uso de animais em experiências laboratoriais, Anna Olsson admitiu que já é “possível substituir alguma parte do trabalho feito com animais”, mas ressalvou que é uma questão que tem de ser vista caso a caso.

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