São dois mil os membros da comissão de candidatura de António Sampaio da Nóvoa à presidência. Mas os três primeiros nomes da lista é que, verdadeiramente, contam: Ramalho Eanes, Mário Soares e Jorge Sampaio. É para eles que o candidato dirigiu as primeiras palavras do seu discurso desta noite. Não é por acaso. São os maiores trunfos da campanha, porque trazem o peso de serem os últimos ocupantes de Belém. Dois deles, aliás, históricos dirigentes do PS.
O PS e a sua indefinição sobre qual o candidato estão nas entrelinhas do discurso do candidato a Belém. Sampaio da Nóvoa “insiste para que não haja dúvidas” que “esta candidatura é independente”. Sublinhado no texto distribuído aos jornalistas, quer reforçar a ideia de que “não depende dos partidos, ainda que agradeça e deseje o apoio de todos – partidos, grupos, movimentos, pessoas”.
O tom do discurso torna-se optimista, depois de ‘fechado’ o assunto que tem enchido as páginas de jornal. Sampaio da Nóvoa fala mesmo de “uma presidência de tipo novo” que tenciona inaugurar. E até vê mesmo que o facto de vir do lado dos sem-partido lhe dá vantagens de partida. “Durante 2016 podemos assistir á transição de presidentes oriundos da vida partidária para um Presidente que vem da sociedade civil não-partidária”.
O que podia parecer fraqueza, torna-se força. “Este novo tipo de presidência pode ser útil no atual momento histórico por uma razão simples: não tendo origem na vida partidária, disponho de maior liberdade para dialogar com todas as forças sociais e políticas” e até “celebrar compromissos de futuro para Portugal” de largo espectro político.
Sampaio da Nóvoa sonha alto nos compromissos: quer um “contrato pelo futuro da República”, quer um “debate com todas as forças políticas” sobre a questão da dívida, quer “compromissos nacionais em torno do combate às desigualdades, ao desemprego, à desertificação e ao despovoamento das zonas rurais”.
O candidato reduziu, desta vez, o número de citações literárias ou musicais que costumavam marcar os seus discursos. Mas não resistiu a terminar com um apelo para que os seus apoiantes acordassem para a campanha. E, claro, aí venho Fernando Lopes Graça e o “Acordai”, com direito a uma estrofe completa em que o compositor pedia a “raios e tufões” para virem “incendiar de astros e canções / as pedras do mar / o mundo e os corações”.
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