O abraço que fez Portas chorar

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Nobre Guedes e Paulo Portas fazem as pazes no palco do Congresso do CSD-PP. Mas Guedes não está disponível para aceitar cargos no partido.

Três anos e meio depois de se ter demitido de vice-presidente do CDS, Luís Nobre Guedes voltou a um congresso do partido, para fazer as pazes com Paulo Portas, de quem se afastou nessa altura. Ao começar a sua intervenção, Guedes tinha alertado que, num momento em que o país está em crise e à beira de eleições, é tempo de “pôr de lado as dissonâncias”. No fim, anunciou que iria dar o exemplo, com um abraço a Paulo Portas, de quem foi, durante anos, e até 2007, o principal conselheiro.

Abraçaram-se. Portas, apanhado de surpresa, estava de lágrimas nos olhos.

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Questionado pelo Expresso, Nobre Guedes esclareceu, no entanto, que não está disponível para voltar a aceitar cargos de direcção do partido ou ser candidato nas eleições que se adivinham para breve.

Antes do abraço, que ficará como a imagem mais marcante deste congresso com pouca emoção, Guedes fez um apelo para que “os políticos se entendam”, pois Portugal vive uma “crise avassaladora”. “Não sei com quem, não sei em que condições, mas a bem de Portugal e dos portugueses façam tudo para haver um entendimento. O que os portugueses não percebem é que, no meio de uma crise avassaladora, os políticos não se entendam.”

Mas Nobre Guedes não esclareceu se falava num entendimento que evitasse a crise ou de um acordo pós-eleitoral. Uma ambiguidade tanto mais relevante quando o ex-ministro do Ambiente entrou no congresso a alertar, tal como já tinha feito na edição de hoje do Expresso, para as consequências dramáticas que poderá ter para o país uma crise política, se o PEC for chumbado no Parlamento.

“No CDS fala-se demais do PSD”

Guedes recordou a génese do CDS enquanto partido centrista, para lembrar que é essa vocação centrista “que permite ao CDS falar com tudo e com todos. Temos a liberdade e a autonomia de em cada circunstância fazer os entendimentos que achamos melhor para o país”.

Ou seja, o parceiro de coligação não tem de ser o PSD, pode ser o PS – aliás, Guedes lembrou a AD, em 1979, mas também lembrou o acordo com Soares em 1977. Mais claro ainda: “Sempre achei que no CDS se fala demais do PSD, se fala demais dos dramas do PSD.”

Para Nobre Guedes, é tanto mais importante deixar os cenários em aberto quando é garantido, em sua opinião, que “a partir das próximas eleições tem de haver entendimentos entre os três principais partidos. Não se podem repetir experiências de governos minoritários”.

JA/Rede Expresso

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