"Do Algarve Que Temos à Região que Queremos"

No 66.º aniversário abrimos o debate e desafiámos algumas personalidades algarvias de vários setores e idades, para se pronunciarem sobre o muito que foi feito, mas também  sobre as estratégias e liderança que, em seu entender, conduzirão a um Algarve cada vez melhor

O Algarve visto por José Cruz

1 – O JORNAL do ALGARVE tem orientado o seu trabalho, desde a sua fundação, com um objetivo muito marcado pelo desenvolvimento sustentado da região. Passados estes 66 anos de luta, como vê e sente o Algarve? Que avaliação faz do Algarve que temos? Quais são os seus principais problemas?
José Cruz
– O Algarve de hoje nada tem a ver com o de há sessenta e seis anos. Pior seria que assim fosse, após as transformações políticas ocorridas com o 25 de Abril de 1974, dezassete anos após a fundação do JORNAL DO ALGARVE. Creio que a pressão exercida pelas campanhas em favor da criação de grandes projetos fez e faz com que este Jornal exerça uma influência positiva no despertar da consciência dos algarvios, público e dirigentes políticos. Hoje o Algarve é uma região pujante. O investimento das autarquias em infraestruturas de saneamento, abastecimento de água, recolha de resíduos, estações de tratamento e recolha, ombreia com o melhor que existe da Europa e no mundo. O que não significa que esteja tudo bem, nem que não existem assimetrias, umas patentes outras latentes e muita coisa por fazer, em especial no barrocal e na serra algarvia.

2 – A liderança que temos tido e os representantes políticos, quer autárquicos, quer deputados, têm defendido e lutado o suficiente por esta região?
JC
– Essa é a pergunta mais difícil de responder, porque, se do ponto de vista da identificação das necessidades da região, as propostas apresentadas, têm procurado a solução para os problemas do Algarve e identificado as insuficiências e a necessidade de dar respostas, a atuação ao nível da decisão nas diversas instâncias e níveis do poder dificilmente acompanha as responsabilidades políticas, a todos os níveis, local, regional e nacional. Naturalmente que, dentro de um sistema multipartidário, a solução dos problemas é sempre determinada pela correlação de forças.

3 – Para que haja desenvolvimento, tem que haver uma estratégia. Que estratégia preconiza para a região?
JC
– Necessitamos de diversificar os mercados turísticos, promover a sua sustentabilidade, assente na qualidade das infraestruturas como a rede ferroviária e a sua ligação ao aeroporto de Faro, a coordenação e valorização das carreiras rodoviárias, a requalificação dos portos, acessos rodoviários e pedonais em condições às praias, finalização das obras de beneficiação da EN125, a abolição das portagens na Via do Infante, a construção do novo e há muito prometido Hospital Central do Algarve. Temos de valorizar uma formação profissional capaz e essencial para o aumento e equilíbrio de mercados emissores, continuar a combater a sazonalidade, a desregulação de horários e a desvalorização das carreiras e profissões e políticas que promovam a contratação coletiva.

4 – Fala-se muito em descentralização e/ou regionalização. Que tipo de liderança precisa o Algarve?
JC
– A estratégia mais correta para resolver os problemas do Algarve, seria dotar a região com uma estrutura política eleita, a grande autarquia regional, que nada tem a ver com uma região autónoma como acusam os detratores da regionalização. Enquanto não se fizer a regionalização, os nossos problemas não vão ter resposta aos níveis em que é necessária uma solução. A nossa principal estratégia de desenvolvimento só será assertiva quando passar por um debate democrático sobre as questões do desenvolvimento integrado. O Algarve tem também de cuidar dos problemas a montante e a jusante com a noção de que o território se estende pelo litoral, o barrocal e a serra onde os problemas da vida quotidiana de quem reside e de quem nos procura, a densidade populacional e a produtividade da terra tem dimensões distintas.

5 – Há “massa crítica” capaz de revolucionar o Algarve, transformando-o, efetivamente, numa região diversificada, multicultural, onde é bom trabalhar e viver, com uma boa saúde e oferta cultural para além do sol e praia?
JC
– Não tenho qualquer dúvida que temos esse capital humano e poderia enumerar muitas instituições que estão a funcionar e quadros de alto valor técnico, quer dentro das instituições quer no mundo do trabalho e das empresas. O Algarve é uma realidade geográfica, económica e cultural distinta e só instituições que tenham em conta esta realidade para a coordenação das políticas regionais pode ter êxito. Com gente eleita. Vamos fazer em 2 de abril 47 anos de Constituição. Nunca é tarde para começar.

*Ex-deputado e vereador pelo PCP

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1 COMENTÁRIO

  1. A minha opinao de algarve melhor vou dar 1 exp da minha terra Albufeira esta entregue a ser 1 benidorm espanhola aonde tudo e britinizado no passar dos anos ou autarcas vem destruiram tudo o q era tipico para passar a ser pequena colonia britanica dos nomes de bares e restaurantes a Gastromia portuguesa pouco hisiste

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