"Do Algarve Que Temos à Região que Queremos"

No 66.º aniversário abrimos o debate e desafiámos algumas personalidades algarvias de vários setores e idades, para se pronunciarem sobre o muito que foi feito, mas também  sobre as estratégias e liderança que, em seu entender, conduzirão a um Algarve cada vez melhor

O Algarve visto por Reinaldo Teixeira

1 – O JORNAL do ALGARVE tem orientado o seu trabalho, desde a sua fundação, com um objetivo muito marcado pelo desenvolvimento sustentado da região. Passados estes 66 anos de luta, como vê e sente o Algarve? Que avaliação faz do Algarve que temos? Quais são os seus principais problemas?
Reinaldo Teixeira
– Parabéns ao Jornal do Algarve, pelos 66 anos e ainda pela sua resiliência enquanto projeto de comunicação social regional. O jornal sempre teve uma voz ativa em defesa do Algarve e pugnando pelo seu desenvolvimento. Sempre acreditei no Algarve como uma região com futuro e, desde o início da minha vida profissional, sempre em conjunto com todos aqueles que me acompanham ao longo destes 40 anos a nível profissional, tentámos contribuir para o crescimento do turismo, a atividade que é o motor da economia e sinto-me orgulhoso do que os algarvios e o Algarve conseguiram alcançar. Houve uma clara evolução, em termos de qualidade de vida e da contribuição da região para o desenvolvimento da economia nacional. Relativamente ao atual estado da região, como é natural, queremos sempre alcançar mais e melhor, para responder aos desafios que nos são colocados. Considero não ser necessário uma revolução para resolver os problemas e apontaria como desideratos reforçar as caraterísticas naturais que temos a enorme sorte de possuir e complementar a diversidade já existente de atividades, para continuar no topo, já que o Algarve é a região com maior potencial de crescimentos e a mais procurada, a nível nacional e internacional para residir e investir e como destino de lazer e férias.

2 – A liderança que temos tido e os representantes políticos, quer autárquicos, quer deputados, têm defendido e lutado o suficiente por esta região?
RT
– Tenho a maior consideração e respeito por todos aqueles que dão o melhor de si em prol das causas públicas e sociais. Diria que em termos de protagonismo político, poderíamos dar cumprimento ao que está contemplado na nossa Constituição e avançar com a regionalização, desde que seja com processos e métodos de decisão simples e eficientes e sejam atendidas as especificidades de cada região: É importante que a reorganização administrativa do Estado considere estratégias de gestão tendo em conta a realidade.

3 – Para que haja desenvolvimento, tem que haver uma estratégia. Que estratégia preconiza para a região?
RT
– Esta é uma questão para a qual existe consenso, senão unanimidade, de todos os intervenientes, sejam políticos, empresários ou cidadãos. Temos de apostar num desenvolvimento sustentado, menos dependente das situações de conjuntura e, por exemplo, com os necessários ajustes dos instrumentos de ordenamento do território à realidade atual e perspetivas futuras e mais fixação de empresas com atividades não poluentes.

4 – Fala-se muito em descentralização e/ou regionalização. Que tipo de liderança precisa o Algarve?
RT
– Como já referi anteriormente, a regionalização seria um passo positivo, até porque já temos, a nível do reconhecimento da União Europeia, onde nos inserimos, as NUT, acrónimo de “Nomenclatura das Unidades Territoriais para Fins Estatísticos”, sistema hierárquico de divisão do território em regiões. Se obtivemos este estatuto a nível económico, à descentralização administrativa compete conferir o estatuto político. Aliás, o Algarve tem todas as condições para ser uma região piloto, dada a inexistência de conflitos em termos do seu território e da vincada cultura regional.

5 – Há “massa crítica” capaz de revolucionar o Algarve, transformando-o, efetivamente, numa região diversificada, multicultural, onde é bom trabalhar e viver, com uma boa saúde e oferta cultural para além do sol e praia?
RT
– Só posso responder pela positiva. O Algarve tem vindo a criar cada vez mais massa crítica no contexto nacional e internacional, mas já agora acrescentaria a este caderno de encargos a realizar nos próximos anos, como um facilitador de desenvolvimento que almejamos: A nível turístico, apostar em mais pontes áreas aos principais mercados, reforçando a imagem da região nos mercados emergentes e não tradicionais. Na mobilidade ferroviária, essencial ao combate às alterações climáticas e à redução da emissão de gases CO2, considerar a ligação ferroviária a Sevilha e diminuir a distância temporal de Faro, a Lisboa e Porto. Conclusão das obras da EN125, a “main street” que atravessa o Algarve, extinguir as portagens na A22, a única via alternativa a esta estrada nacional e nas questões urbanísticas, importa investir em melhor tratamento paisagístico. A criação de uma auto estrada digital, que permita o acesso à web em qualquer parte do território é essencial para estarmos em permanente contacto com os quatro cantos do mundo, atrair mais residentes para a região, jovens e nómadas digitais para se fixarem e contribuírem para o desenvolvimento das tecnologias da informação e comunicação (TIC). Como se sabe, e essa foi uma das mais importantes lições da pandemia, as TIC’s permitem o compartilhamento de informações para salvar vidas, manter a comunicação apesar do distanciamento e, principalmente, realizar atividades de teletrabalho, teleducação, telemedicina, entre outras. Há que fazer uma aposta clara na formação e aumento das competências do capital humano em diferentes áreas que permitam agilizar e modernizar empresas, instituições e serviços públicos. Finalmente, uma estratégia de comunicação global, com um plano para toda a região, capaz de reforçar o Algarve como uma marca de futuro.

*Empresário e presidente da Associação de Futebol do Algarve

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