O ídolo, que terminou a carreira, e o sucessor

O ténis viveu recentemente uma das páginas mais emblemáticas da sua já longa história, com uma envolvência de fortes emoções.
“O ténis deu-me muito mais do que esperava, mas chegou a altura de terminar a carreira”, e explicitando melhor: “Como todos sabem, os últimos três anos trouxeram-me muitos desafios, como lesões e cirurgias. Tentei ao máximo regressar a um ritmo competitivo. Mas também conheço as minhas capacidades e a mensagem que recebo do meu corpo é clara. Tenho 41 anos, joguei mais de 1.500 encontros ao longo de 24 anos. É uma decisão agridoce porque vou ter saudades de tudo o que o circuito me deu”. E, a elegância, a classe e a postura, assente num despertar (muito) talentoso que fizeram com que fique a ser recordado para sempre na história de uma modalidade onde ele foi sucessivamente reconhecido como pioneiro de uma geração de todos os tempos, levam-no, em hora de despedida, a se expressar desta forma sublime: “Considero-me uma das pessoas mais sortudas à face da Terra. Recebi um talento especial para jogar ténis e fi-lo a um nível que nunca imaginei e por muito mais tempo do que achei que era possível”, confessou o helvético, Roger Federer, em carta endereçada a sua mulher Mirka, aos quatro filhos, à equipa técnica, aos seus rivais e, naturalmente, aos milhões de adeptos espalhados pelo Mundo, como corolário de um atleta muito bem formado e que, ao não deixar os seus créditos por mãos alheias, exemplarmente soube manifestar, enquanto expressão do melhor de todos os sentimentos,: gratidão!
De forma simplista, poder-se-á argumentar que: ‘Rei morto, rei posto…’, mas haverá mais profundidade de análise, no ‘court’…, como seja a de trazer, devidamente equipado e pronto a suceder, o testemunho do ‘menino maravilha’ que dá pelo nome de Carlos Alcaraz Garfia, com apenas 19 anos, atualmente o número 1 do mundo do ranking ATP, alcançado ao vencer na final o norueguês Casper Ruud, no US Open de 2022, seu primeiro título de Major, em 11 de Setembro último. Tal como Federer, Alcaraz, foi desde muito cedo apontado como um verdadeiro talento geracional, uma espécie de filho espiritual do Big Three. Caracterizado com o talento, a técnica e o espírito ofensivo do seu ídolo Federer, a garra e a pujança física do compatriota Nadal e a velocidade e ténis completo de Djokovic.
Que objetivos persegue, então, Carlos Alcaraz, o sucessor do seu ídolo: “É uma loucura ser campeão de Slam e número 1. Eu nunca senti que conseguiria isso aos 19 anos. Tudo apareceu e aconteceu tão rápido. É algo com que eu sonhava desde criança. Agora estou a desfrutar do momento. Mas, claro, estou com fome para mais. Quero estar no topo por muitas semanas, muitos anos, Vou trabalhar duro. Vou lutar por mais. ‘Felicidade’ é a palavra que descreve o meu torneio”.
Carlos Alcaraz, na hora do adeus, do campeoníssimo: “Federer foi um dos meus ídolos e uma das maiores fontes de inspiração. Obrigado por tudo o que fizeste. Ainda te quero defrontar”. Reconhecimento, gratidão e espírito competitivo. Impressionante!
Aprendemos, sentimos e temos vindo a viver com uma (tão) feliz expressão de uma participante de um concurso literário intitulado: “A Ética na Vida e no Desporto”. E com ela nos despedimos, com sentido ético, envolvendo-os num abraço fraterno: “O ídolo, ensina, sendo!”.


*“Embaixador para a Ética no Desporto”

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