O novo Bloco Central

Tudo aponta no sentido de um novo bloco central.

Talvez não convenha recuperar a expressão que não agradará, certamente, a grande parte da população que preferiria algo novo e voltado para o futuro. Mas não. António Costa já foi claro o suficiente para não deixar quaisquer veleidades para além de uma oposição responsável e colaborante, quanto baste, de acordo com o que as bem pensantes e influentes gentes do “establishment” e em particular “opinion makers” contratados a metro vêm exigindo em sintonia com a supra vigilância da U.E. Curioso é quererem fazer-nos crer que é a única solução para neutralizar o Chega.

Costa e toda a sua cota-parte do PS contentar-se-à com o facto já afirmado de ter deixada tudo de bom para que a AD faça um excelente governo. Claro que o afirmou com um evidente segundo sentido mas não por acaso admite implicitamente uma, aceitação sem grandes sobressaltos desse esperado governo. E não admira.

Convenhamos… Costa aproveitou inteligentemente a oportunidade pós-troyka de chegar ao poder contra inclusive Cavaco Silva que nunca se permite perder… mas Costa ganhou numa verdadeira jogada de mestre.

Para isso foi obrigado a recorrer ao apoio imprescindível do PCP e do BE e conseguiu graças em grande parte, a esse mesmo apoio, um período de quatro anos de acalmia e significativas melhorarias sociais. Em minha opinião e não só minha, diga-se, essa obrigatoriedade seria descartável logo que possível e daí ter pautado o último ano da chamada geringonça com claras dissonâncias com os dois parceiros que consideravam necessário o avanço de medidas em áreas que aliás se vieram a confirmar como inadiáveis (v.g. saúde p. ex.). A ruptura da geringonça “por parte do PCP e BE” (?) concluiu assim a jogada de mestre de Costa que se consubstanciou numa maioria absoluta de que nem ele suspeitava. E tudo apontava para a Europa (esperança última dos nossos políticos em fim de carreira). Porém, a direita não gosta nada de perder e Cavaco ainda menos… e foi o que se viu…!!! Por vezes Deus escreve direito por linhas tortas… e o desastre total das “contas certas” com as palmas dos do costume escancarou as portas aos “democratas” europeístas e plutocratas do Chega.

É fundamental entender que os dois partidos do dito de bloco central e, por mais esforços que a ainda designada de comunicação social se esforce, foram os responsáveis últimos pelo estado actual deste país pós 25 de Abril e não algum tremor de terra que continua felizmente sem acontecer… embora os resultados eleitorais nos possam confundir.

E, como não podia deixar de ser, tudo terminou com os ditos donos da verdade profundamente divididos e daí em parte a importância destas eleições. Ora, ao ganhar, o passou claramente à frente na corrida e conseguiu uma coalizão pelo menos temporária no partido até porque permitirá todo um novo “bolo” para dividir sem esquecer os míseros CDS.

Já em relação ao PS o problema é muito maior e mais preocupante.

Como vinha referindo antes a influência e significância de Costa continua a ser preponderante o que conflitua frontalmente com tudo o que seria expectável e diferente do actual leader e, muito em particular como creio os próximos tempos demonstrarão, em relação à Europa e consequentemente à NATO.

Por outras palavras o PS e não o PSD corre o sério risco de se dissolver entre o Chega e o PSD nos próximos anos caso não se assuma claramente e sem preconceitos como um partido socialista de esquerda sem quaisquer margem para dúvidas e procurando e valorizando as alianças à sua esquerda e tem que o fazer desde já.

Permitir, sequer, a hipótese de uma política de bloco central para além da lição das eleições seria mais uma prenda ao Chega.

Adiar a clarificação interna pode ser dramática. Ainda acredito que Pedro Nuno Santos o entenda e tenha forças para dar o corajoso e imprescindível murro na mesa a tempo.

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