O oxigénio e a explosão da evolução da vida na Terra

No início da formação da Terra, há 4,6 mil milhões de anos, havia muito pouco oxigénio gasoso

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A evolução da vida na Terra foi marcada pelo aumento do oxigénio na atmosfera e nos oceanos.

No início da formação da Terra, há 4,6 mil milhões de anos, havia muito pouco oxigénio gasoso (oxigénio molecular, O2).

O oxigénio então existente estava combinado com outros átomos, como o hidrogénio, formando a água que hidratou o planeta ao longo da sua evolução. E foi em meio aquático, nas ondas dos oceanos primitivos, que as primeiras formas de vida surgiram.

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As evidências fósseis mais antigas de microrganismos têm 3,6 mil milhões de anos. Não quer dizer que a vida não existisse antes.

Quer dizer apenas que ou não deixou rastos ou ainda não os encontrámos. Aquelas formas de vida unicelulares pertencem ao grupo designado por cianobactérias.

As cianobactérias primitivas possuíam a capacidade de usar a luz solar com fonte de energia para efetuarem a fotossíntese.

Nesta, o oxigénio presente nas moléculas de água é combinado para dar origem à molécula de oxigénio que se difunde pelas águas dos oceanos e para a atmosfera.

O aumento de oxigénio molecular, produzido pela ação da vida, marcou a evolução da própria vida e mudou a química do planeta.

Há evidências geológicas que nos mostram como foi a evolução da concentração de oxigénio na história da Terra.

Sabemos que o nível de oxigénio na atmosfera não aumentou linearmente. Muito pelo contrário. Durante os primeiros 3 mil milhões de anos depois do início da sua produção biogénica, a sua concentração na atmosfera permaneceu residual.

Mas, há cerca de 2,4 mil milhões de anos, ocorreu o que é designado por primeiro grande evento de oxigenação (GOE, na sigla inglesa), e que é caracterizado por um primeiro aumento, mas tímido, no oxigénio atmosférico.

O oxigénio, produto da vida, foi-se primeiramente combinando com outras substâncias (como a pirite), presentes nos fundos oceânicos e na superfície dos solos terrestres.

E este sequestro do oxigénio por diversas substâncias, ao longo de milhares de milhões de anos, impediu que ele estivesse disponível para ser usado para a complexificação da vida.

De facto, verificamos um longo “jejum evolutivo” durante cerca de 3 mil milhões de anos, com o surgimento de poucas novas formas de vida, que se mantiveram principalmente unicelulares ou vivendo em colónias.

Contudo, entre 850 a 550 milhões de anos atrás, algo mudou no planeta e a concentração de oxigénio disparou para cerca de 31% na atmosfera (10% a mais que o nível atual).

E essa mudança oxidativa foi acompanhada por uma explosão evolutiva no horizonte da vida.

No que é conhecido por explosão câmbrica, verificamos o surgimento de uma miríade de novas expressões de formas vivas muito diversas.

Todos os antepassados das plantas e animais atuais surgiram nessa explosão, desencadeada pelo aumento brusco de oxigénio livre.

Não sabemos o que é que originou este grande aumento de oxigénio, designado por segundo grande evento de oxigenação.

Mas geólogos da Universidade da Tasmânia, Austrália, descobriram que esse momento foi também acompanhado pelo aumento da disponibilidade de outros elementos e materiais para a vida nos oceanos.

António Piedade

através da Associação Portuguesa de Imprensa

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1 COMENTÁRIO

  1. A beleza não existe apenas numa flor, na majestade de uma árvore, numa paisagem deslumbrante ou num gesto nobre, mas também na fantástica história do aparecimento e evolução da vida, no nosso planeta.

    A vida apareceu, como um verdadeiro milagre, no seio de uma Terra que não tinha, inicialmente, mais do que uma atmosfera sem oxigénio, composta, principalmente, por metano, amoníaco, sulfureto de hidrogénio, dióxido de carbono, hidrogénio e água, elementos libertados pelas erupções vulcânicas.

    Devido, numa fase posterior, à evolução da fotossíntese pelas algas azuis, no seio marinho, as “cianobactérias” (do gr. “kuáneos”, azul escuro + “baktēría”, diminutivo de bastão), as quais utilizavam água para obter o hidrogénio necessário para as suas funções metabólicas, começaram a ser libertados milhares de milhões de toneladas de O2 para a atmosfera, uma vez que para estas algas o oxigénio era tóxico e, como tal, excretado, tal como continuam a fazer, aliás, as suas congéneres actuais.

    A acção das algas azuis, das formas mais ancestrais das plantas, mercê da enorme libertação de oxigénio, possibilitou a criação da camada de ozono (O3) na estratosfera, filtro para a intensa e letal radiação solar ultravioleta e demais tempestades do astro-rei, facto que, juntamente com o Cinturão de Van Allen, tornou possível que as primeiras formas de vida se aventurassem do mar para terra e a colonizassem.

    Estes primeiros organismos, primeiramente, numa dependência dúplice, entre a terra e o mar (onde punham os ovos, porque careciam, para o efeito, de um meio húmido), nunca se afastavam muito do meio marinho.
    Como exemplo de animais que suspenderam, neste ponto, o seu ciclo de evolução, podemos citar as rãs.

    Porém, numa fase posterior, com a “invenção” do ovo, que fornecia o ambiente ideal de humidade e reserva de gordura para alimentação (a chamada gema), de modo que o embrião se pudesse desenvolver, os novos “colonos” deixaram as cercanias dos mares e ocuparam toda a zona restante do planeta e escreveram, ao longo de centenas de milhões de anos, uma bela e apelativa história, que não cabe, de todo, nestas poucas linhas, de que nós, humanos, haveríamos de ser, igualmente, protagonistas.

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