Passos, afinal, queria mais tempo e mais dinheiro

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Primeiro-ministro faz revelação no prefácio do livro de Miguel Frasquilho – “As raízes do Mal, a Troika e o futuro”. Passos liderava a oposição, a troika respondeu que era “demasiado tarde”. Frasquilho defende baixa do IRS “a breve trecho”.

Quando era líder da oposição, Passos Coelho sugeriu à troika quatro anos em vez de três para o programa de resgate português mas recebeu como resposta que era “demasiado tarde” para suscitar a questão. A revelação é feita pelo próprio no prefácio que aceitou escrever ao livro “As raízes do Mal – a Troika e o futuro”, da autoria do deputado do PSD e economista, Miguel Frasquilho.

“Parecendo-me que ganharíamos segurança na execução do Programa dispondo de mais tempo do que estava previsto (sugeri 4 anos em vez dos 3 anos apontados) ouvi uma resposta que sugeria mais ou menos o seguinte: não garantimos que a resposta a essa questão pudesse ter sido positiva, mas é demasiado tarde sequer para a suscitar”, relata o primeiro-ministro. Que explica porque não voltou à questão quando chegou ao poder.

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“Uma vez que o prazo era o que era e modificá-lo corresponderia a uma alteração significativa que obrigaria, na prática, a ter um 2.º programa, decidi, como primeiro-ministro, que seria contraproducente seguir essa abordagem ulteriormente”, explica Passos Coelho.

Outra revelação feita pelo primeiro-ministro passa pelo envelope financeiro negociado com a troika, que Passos admite que gostaria que tivesse sido superior por forma a incluir uma verba para o setor empresarial do Estado.

“Esta sim, parece-me ter sido a grande deficiência associada à estrutura financeira do Programa”, afirma Passos Coelho. Na sua opinião, “mesmo admitindo que pudesse haver alguma razão histórica que justificasse prudência neste domínio, poder-se-ia ter previsto uma fatia de financiamento não suficientemente confortável mas que amortecesse a situação esperada de garrote financeiro (no SEE) que se veio a concretizar”.

Miguel Frasquilho reúne neste livro as crónicas que escreveu na imprensa (maioritariamente no “Jornal de Negócios”) sobre temas da atualidade política e económica. E reafirma algumas das suas posições divergentes da linha oficial, quer do seu partido, quer do Governo, nomeadamente em matéria de política fiscal.

“Espero que no IRS possamos ter alterações no sentido correto a muito breve trecho”, afirma o autor, que lamenta que “apenas o IRC esteja a ser alvo de uma reforma no sentido que defendo”. Na sua opinião, “aplicar austeridade sobre austeridade, generalizada e consecutivamente, mesmo com maior integração económica, nada resolverá”.

Ângela Silva (Rede Expresso)
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