Polícia francesa diz que lei do véu é inaplicável

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Três mulheres vestidas com “niqab” foram detidas em Paris por participarem numa manifestação não autorizada, mas a policia não as multou por violarem a lei sobre o uso do véu islâmico integral.

Apenas três mulheres cobertas pelo “niqab” marcaram presença numa manifestação de duas mil pessoas, ontem, na praça da Notre-Dame, no centro de Paris. Queriam ser as primeiras a ser multadas, em França, depois da entrada em vigor da lei que proíbe o uso do véu islâmico integral em todos os espaços públicos – na rua, nos transportes, nos restaurantes, nas salas de espetáculos, nos serviços públicos.

A polícia deteve-as durante alguns minutos, mas não por violarem a nova lei sobre o véu islâmico, que entrou ontem em vigor. Apenas foram detidas, com mais 60 pessoas, por participarem numa manifestação não autorizada. Os agentes não aplicaram a lei e as três mulheres não foram obrigadas a pagar os 150 euros de multa que a lei prevê para estes casos.

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“Um problema político”

Logo que entrou em vigor, esta lei foi contestada pelos muçulmanos, que apelam a novas manifestações. Os muçulmanos consideram a lei um ataque à sua religião e ao “direito europeu”, explicou, na praça da Catedral Notre-Dame, uma das mulheres vestidas com véu.

Mas também os sindicatos da polícia a criticaram por a julgarem muito difícil de aplicar. Patrice Ribeiro, secretário-geral do sindicato “Synergie Officiers”, revela que os agentes da ordem sentem algum mal-estar com a nova situação criada pela lei.

“Quando se verificar o primeiro incidente devido à aplicação da nova lei, é para a polícia que se vão virar as críticas, que virão mesmo dos que fizeram votar esta lei”, explica o agente de origem portuguesa. “Trata-se antes de mais de um problema político”, acrescenta o líder sindical.

Campos Elísios e guetos fora da lei?

Para Patrice Ribeiro, bem como para Jean-Claude Delage, secretário-geral do sindicato “Alliance Police”, os agentes vão analisar a situação “caso a caso”. “Tudo dependerá do lugar, do tempo e do ambiente porque nalguns casos aplicar a lei pode trazer mais problemas e maior confusão do que benefícios”, explica Delage.

Patrice Ribeiro acrescenta que, por exemplo, a lei não será certamente aplicada nos Campos Elísios, onde se veem de vez em quando ricas mulheres árabes às compras vestidas com “niqabs” da mais fina seda.

Os dois sindicalistas reconhecem que a lei é “inaplicável à letra” também nos mercados e ruas dos guetos muçulmanos e quarteirões marginalizados das grandes cidades. “Não vai haver uma repressão cega e os polícias não querem aplicar esta lei à letra”, conclui Patrice Ribeiro.

JA/Rede Expresso
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