A três dias do XXV Congresso do CDS-PP, Paulo Portas remeteu para o seu “povo” e para a sua “gente” centrista explicações sobre a crise política de julho, quando apresentou a sua demissão “irrevogável” do Governo liderado por Passos Coelho.
“Irrevogáveis são os interesses permanentes de Portugal”, disse ontem à noite o vice-primeiro-ministro, em declarações à Renascença , naquela que foi a sua primeira entrevista desde a sua ‘demissão’.
“Não disse até hoje uma palavra sobre essa matéria e suportei todas as coisas que legitimamente foram ditas sobre isso”, afirmou, prometendo justificações perante os centristas, antes de acrescentar que da crise “resultou manifestamente um Governo com maior coesão política e com maior equilíbrio entre o económico e o financeiro”.
Sobre um eventual programa cautelar após o fim do programa de assistência económica e financeira, anunciado para maio, Portas limitou-se a dizer que não há nada decidido, até porque só haverá um debate sobre o assunto no Eurogrupo no final do mês.
“O momento de dizer como é que Portugal sai do programa ainda não chegou. Ainda temos duas avaliações, ainda faltam quatro meses e pouco, os irlandeses só o disseram a um mês do fim”, explicou.
O vice-primeiro-ministro aproveitou também para enviar um ‘recado’ ao PS, ressalvando que “os partidos políticos que fazem parte do arco da governabilidade devem estar seriamente envolvidos” nas questões “estruturais” para o “destino” do país, mas “é preciso estar disponível para isso”.
“Não é possível pretender que Portugal termine o programa em maio, e ainda por cima dizer [que termine] como a Irlanda, e pretender que o Tribunal Constitucional deite abaixo todas as medidas que permitem terminar o programa em maio”, declarou sobre a oposição socialista liderada por António José Seguro.
Legislativas em aberto
Questionado sobre uma possível coligação com o PSD para as eleições legislativas, repetindo a fórmula prevista para as europeias, Paulo Portas remeteu o debate para o próximo Congresso do partido, que decorre sábado e domingo em Oliveira do Bairro.
“O normal é os partidos irem cada um por si. Havendo coligação, há circunstâncias que podem legitimar uma aliança, mas o momento de decidir isso ainda não chegou, não vale a pena queimar etapas”, afirmou.
(RE)