Portas pede “pacificação” ao PS

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“É absolutamente essencial que haja capacidade de entendimento entre os partidos”, disse Paulo Portas

Paulo Portas encerrou domingo à tarde o congresso do CDS lançando um apelo ao PS para que faça uma trégua política até estar concluído o programa de resgate. “Ajudem Portugal – não é o Governo, é o País – a terminar o programa. É uma pacificação que vos peço em nome do interesse nacional”, disse Portas, pedindo ao PS “que tenha isto em atenção: terminar o resgate é mais importante do que ser popular”.

O líder centrista criticou os socialistas por, ao mesmo tempo, exigirem uma saída à irlandesa e pedirem o chumbo do TC a medidas fundamentais para o cumprimento do programa. “Ninguém pede ao principal partido da oposição que deixe de ser oposição, nem a democracia ganhava nada com isso”, mas é “absolutamente essencial que haja capacidade de entendimento entre os partidos que, por mais diferenças que tenham, são os únicos que aceitam partilhar responsabilidades de governo.” Na primeira fila da audiência estava Passos Coelho, que há poucas semanas dispensou o apoio do PS para um programa cautelar.

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Portas, que focou todo este congresso na saída da troika e nos sinais de recuperação da economia, lembrou que “o que temos ainda não chega, mas o que temos é muito diferente daquilo por que já passámos”, e por isso é “essencial criar um ambiente favorável e de confiança” e “cada dia q passar mais a classe media portuguesa sabe o que temos a perder se não conseguirmos chegar em condições a maio.”

“Houston, we have a problem”

Retomando um dos motes da sua moção e intervenções neste congresso, Portas repetiu que “não vamos poder voltar atrás, não podemos cair segunda vez no que caímos. Vamos ter de nos entender sobre qual é a nova fronteira”, com um Estado com menos custos, sem fazer derrapar o défice e a dúvida.
Essa nova fronteira, disse, deve ser objeto de entendimentos de regime, nomeadamente em relação à Segurança Social e à Administração Pública, as duas reformas de que o presidente do CDS mais tem falado.

Na Segurança Social, num quadro em que “temos cada vez menos ativos para pagar mais pensões durante mais tempo”, “se não fizermos nada, como se costuma dizer, ‘Houston we have a problem'”.

Na Administração Pública, Portas resumiu “o nosso modelo aqui no CDS: para podermos ter funcionários públicos mais bem pagos, e eles precisam ser bem pagos, não podemos ter tantos funcionários públicos”, o que se aplica tanto na administração central, como regional e local. Ficou dado o sinal para novas formas de vínculo dos funcionários públicos, com “mais flexibilidade”, embora “não a flexibilidade que há no privado”.

Um dos objetivos da reunião de Oliveira do Bairro era assinalar as prioridades do CDS para o pós-troika, e viu-se Paulo Portas a retomar velhas bandeiras que falam alto ao eleitorado tradicional do partido: redução de impostos, políticas amigas da família e da natalidade, aumento do salário mínimo, fusão e extinção de municípios. Algumas são matérias que podem criar tensão com o parceiro de coligação, e Passos Coelho ouviu sem reagir.

Sobre IRS, Portas adoptou uma frase mais cautelosa do que o que disseram outros dirigentes do CDS durante estes dois dias: “Aquilo que é possível fazer é tentar o nosso melhor para que esse desagravamento possa ter inicio em 2015, se possa distribuir no tempo, de modo a ser previsível e prudente na consolidação, orientado [a reforma do IRS] para classe média e ter em consideração o valor do trabalho e da família.”

“Estes dois pilares” – insistiu Portas, referindo à “valorização do trabalho e da família” – “são consensuais e devem estar no centro da nossa atenção”.

O aumento do salário mínimo, com cuja negociação em concertação social Portas se voltou a comprometer, foi apresentado como um exemplo de algo que muda quando a troika sair – o memorando não o permite, a 18 de maio a história é outra.

Fazer história e terminar a legislatura

Num discurso de encerramento muito virado para as políticas públicas e pouco para as questões políticas e partidárias, o líder reeleito do CDS lembrou o facto histórico de que em 40 anos nunca um governo de coligação resistiu até ao fim do mandato, e apostou que a ciência política vai ter um novo capítulo. “Algo me diz que seremos os primeiros a fazê-lo”, afirmou.

E deu o que pode ser o mote da campanha eleitoral conjunta com o PSD nas eleições legislativas. “Vamos votar em quem trabalhou para acabar o resgate ou em quem lançou Portugal no resgate?” Passos gostou.

RE

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