Presidente da Associação Almada D’Ouro defende que as reservas de caça salvaram muitas espécies

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António Baltazar, presidente da Associação Almada D'Ouro Clube

A associação, localizada no concelho de Castro Marim, dedica-se à caça e à gastronomia. Recentemente, os sócios viram ser concretizado um sonho de há longos anos com a construção da nova sede social. O seu presidente garante que, naquela associação, a limpeza das matas e a proteção da espécies já são atividades tão ou mais importantes do que a própria caça

DOMINGOS VIEGAS

A Associação Almada D’Ouro Clube nasceu há cerca de uma década na freguesia do Azinhal, concelho de Castro Marim. Vocacionada inicialmente para a pesca, gastronomia e cinegética, hoje em dia apenas as duas últimas estão em atividade, mas com mais força do que nunca.

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Formada essencialmente por caçadores, a coletividade foi crescendo ao longo dos últimos anos e atualmente gere uma zona de caça associativa com cerca de 1300 hectares e constituída, na sua maioria, por terrenos que estavam ao abandono. No início do último verão a associação viu concretizado o sonho de construir uma sede social que, curiosamente, está localizada na freguesia vizinha de Odeleite.

“Comprámos o terreno e construímos a sede, com dinheiro dos 34 sócios, empréstimos à banca e com a ajuda da Câmara Municipal de Castro Marim de 25 por cento sobre o orçamento do valor total da obra”, conta António Baltazar, presidente da associação.
Além da caça, a coletividade continua a apostar na gastronomia. “Participámos em várias feiras com pratos tradicionais desta zona, principalmente aqueles que têm como base o javali, e temos vários prémios conquistados em concursos de gastronómicos”, orgulha-se António Baltazar.

Mas a atividade da Associação Almade D’Ouro Clube vai muito mais além do simples ato de caçar e de confecionar pratos da gastronomia típica. “Esta zona de caça está inserida num espaço lindo, que é a margem do Guadiana e a ribeira de Odeleite. São zonas que têm que ser protegidas e respeitadas. E se não formos nós a fazer, o proprietário já não faz, porque não pode, porque não tem idade e porque os filhos não estão cá para ajudar”, explica António Baltazar, frisando que em muitos dos terrenos que os sócios da Associação Almada D’Ouro estão agora a limpar “há pelo menos trinta anos que não passava ninguém”.

Por isso, António Baltazar garante que “cuidar da caça, respeitar a natureza e limpar os terrenos para prevenir incêndios já são, para esta associação, atividades tão ou mais importantes do que a própria caça”.
No entanto, o presidente da Associação Almada D’Ouro Clube lamenta que os caçadores continuem a não ser bem vistos por alguns setores da população. “Muitas vezes até nos sentimos discriminados, mas temos uma força enorme que tem ajudado a que muitos de nós não se desmotivem e não abandonem”, conta.

António Baltazar garante que a caça movimenta muito dinheiro neste país, por isso defende que “tem que haver alguma coragem politica para assumir isto, pois não pode ser só dizer que os caçadores gastam algum dinheiro, mas depois dizer que também matam os bichinhos”. O dirigente, e caçador, refere-se desta forma à incompreensão de que os caçadores são alvo, não só por parte da população, mas também por parte do próprios governos.

“Nós não matamos os bichinhos. Nós abatemos ordenadamente e sabemos o que estamos a fazer. Temos a noção dos efetivos que temos que deixar para a época seguinte, coisa que não se fazia quando a caça era praticada em terreno livre”, garante.

Para António Baltazar, se a caça tem continuado livremente como se fazia antigamente, muitas espécies já tinham desaparecido. “Por exemplo, a perdiz, a lebre e o coelho já não existiam no concelho de Castro Marim. Os únicos animais que restavam eram os porcos e as raposas, porque são os que não têm predadores. Se não fossem as reservas de caça, a chamada caça menor já tinha desaparecido”, defende o presidente da Associação Almada D’Ouro.

António Baltazar considera também que a cinegética é uma atividade com futuro no concelho de Castro Marim. “Na nossa associação não se caça para negócio, porque isso não faz parte da nossa mentalidade, mas penso que a cinegética como atividade turística e económica tem futuro no concelho de Castro Marim, desde que se criem as condições ao nível das zonas de caça turísticas”.

O dirigente associativo diz que “poderiam ser criadas zonas de caça geridas por alguma entidade, ou pelos próprios particulares” e dá mesmo um exemplo: “a Mata Nacional das Terras da Ordem é hoje um refúgio de caça, mas poderia ser aproveitada como zona de caça turística. Desta forma, o concelho poderia tirar alguma divisas daqueles mais de setecentos hectares de mata”.

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