As queixas dos consumidores relacionadas com o setor da Cultura aumentaram no primeiro trimestre de 2022, anunciou o Portal da Queixa, segundo o qual são muitos os casos de consumidores que se dizem burlados através da revenda de bilhetes.
A maioria das reclamações são relativas a problemas com o reembolso ou devolução de bilhetes/produtos, e registam um aumento de mais de 100% face a 2021. O destaque vai para as reclamações referentes a burlas, a dispararem 90% este ano.
Uma análise do Portal da Queixa identificou um crescimento de 11% do número de reclamações dirigidas ao setor da Cultura no primeiro trimestre de 2022, comparativamente com o período homólogo.
Verificou-se que os três principais motivos de reclamação dos consumidores estão relacionados com problemas no reembolso ou devolução de bilhetes/produtos (69%), problemas ou atrasos com encomendas (16%) e situações de burla (6%).
No mesmo período de 2021, os três principais motivos reportados denunciavam problemas ou atrasos com encomendas (48%), problemas no reembolso ou devolução de bilhetes/produtos (38%) e as dificuldades relacionadas com o Apoio ao Cliente (7%).
De acordo com os dados analisados, em 2022, as entidades com maior número de reclamações são: Ritmos e Blues, a somar 15% das queixas; a Ticketline (14%); a Blueticket (13%); a Wook (8%); a See Tickets (7%) e a Viagogo (6%).
Destacam-se, na análise efetuada, as reclamações referentes a alegadas burlas em revenda de bilhetes, a dispararem 90% no primeiro trimestre deste ano.
Nos últimos meses, foram muitos os consumidores que recorreram ao Portal da Queixa para denunciar situações de burla com a compra de bilhetes. Dizem-se burlados pela Viagogo, uma empresa de revenda de bilhetes para concertos e espetáculos que opera em vários países, entre os quais Portugal.
Burlas, violação dos direitos do consumidor, inflação nos preços ou mesmo a venda de bilhetes falsos são os principais motivos das reclamações dos consumidores relativamente à Viagogo.
Cláudia Clark foi uma das consumidoras que denunciou a falta de transparência da empresa. “Questiono como é possível empresas como a Viagogo operarem com uma margem de lucro de 200% sobre o valor de bilhetes e como é possível as entidades promotoras permitirem que tal aconteça. Comprei bilhetes para o teatro por 72€+3€ que na realidade custavam 25€ na bilheteira!”, refere.
Catarina Marques é outra consumidora que relatou a sua má experiência com a Viagogo no Portal da Queixa: “O valor descrito no ato de encomenda não corresponde ao cobrado, o site não apresenta contactos para devoluções. Quando se faz o pedido de um certo número de bilhetes aparece um valor que é entendido pelo total de valor de fatura quando na realidade duplicam o valor pelos números de bilhetes pretendido e acrescem taxas que não são explícitas no ato da compra. Quando se tenta entrar em contacto com o site não existem opções.”
Também Tânia Macedo reporta a sua indignação na reclamação dirigida à mesma empresa: “É lamentável o preço que esta plataforma pratica para venda de bilhetes para eventos de musica, informo que me foi cobrado o dobro do preço por cada bilhete cobrado para o concerto (…) Considero uma burla estes preços praticados e aceites pela plataforma quando têm outras plataformas com preços a metade do preço e disponíveis para entrega imediata. Não recomendo a ninguém trabalhar com esta dita “empresa”.”
De referir que, além das muitas denúncias no Portal da Queixa, o caso chegou aos artistas portugueses, que também denunciaram a situação, numa tentativa de alertar os consumidores para este esquema. Miguel Araújo foi um dos que alertou numa publicação partilhada na sua conta do Instagram, sobre o caso de uma fã que alegou ter sido enganada depois de lhe terem sido cobrados 195€ por dois bilhetes que nem sequer eram válidos.
O Portal da Queixa é a maior rede social de consumidores em Portugal, sendo uma referência nacional em matéria de consumo e um marketplace de reputação de marcas.
Surgiu, em 2009, como um projeto independente, inovador e pioneiro em Portugal, que veio mudar o paradigma das reclamações e promover a literacia digital na sociedade de consumo.
A plataforma conta com mais de um milhão de utilizadores registados e mais de dez mil marcas e entidades aderentes. É considerado pelas marcas e pelos consumidores, como um facilitador para a resolução de problemas, tendo como assinatura: “Do Problema à Solução!”
O crescimento exponencial e a consolidação do Portal da Queixa como um dos principais influenciadores nacionais em matéria de consumo, permitiu alcançar um novo posicionamento ao internacionalizar a sua plataforma para mercados com Espanha (Libro de Quejas), França (RéclameICI) e África do Sul (Complaints Book), através da sua rede global: a Consumers Trust.