Cavaco Silva falava da participação de Portugal na primeira guerra mundial quando se sentiu mal – teve que interromper o discurso e caiu. “O senhor Presidente da República sentiu uma reação vagal, da qual recuperou rapidamente, nunca tendo perdido a consciência e sempre manifestou intenção de concluir o seu discurso”, informou, à Agência Lusa, o major-general médico José Duarte, da Força Aérea, que assistiu o chefe de Estado no local.
“Foi apenas a coragem dos soldados no campo de batalha que permitiu honrar Portugal com o desfile dos seus combatentes ao lado dos aliados e forças republicanas …”, foi a última frase do Presidente antes de cair, amparado por elementos das forças de segurança. Antes, um esgar de mau estar, igual ao que, em 1995, antecipou o desmaio de Cavaco na tomada de posse do então primeiro-ministro, António Guterres.
Nestas comemorações do 10 de junho, o barulho de fundo era o dos manifestantes, que, com cartazes a replicar a frase “Governo, rua”, gritavam slogans de protesto – “Demissão, demissão”. Cavaco também não foi poupado – “Presidente incompetente”, lia-se noutras faixas.
Passos Coelho saiu da tribuna para acompanhar, na retaguarda do palco, a recuperação do Presidente, assistido pela equipa médica presente no local. Maria Cavaco Silva já lá estava e Manuela Ferreira Leite, ex-ministra e amiga pessoal do Presidente, também se deslocou ao local, visivelmente consternada.
Meia hora depois, o Presidente da República voltou. “Portugueses, a memória da grande guerra deve constituir um tributo ao exemplo, ao sacrifício, ao valor e ao caráter do combatente português”, foi a frase com que Cavaco retomou as cerimónias.
Num discurso exclusivamente virado para as Forças Armadas, na parte militar das comemorações, o chefe de Estado manifestou total apoio às reivindicações dos militares ao pedir ao Governo, a quem deixou um veemente recado, que evite a degradação das forças armadas.
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