Redução de perdas de água “é fácil, é barato e dá milhões”, afirma AEPSA

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A Associação das Empresas Portuguesas para o Ambiente defendeu esta semana que a redução de perdas de água é “fácil, barato e dá milhões” e garante uma nova fonte de consumo, e acusou o setor de estar “viciado” em subsídios.

“Reduzir perdas de água é fácil, é barato e dá milhões (…). É barato porque se consegue sem grandes investimentos reduzir as perdas de água; é fácil porque o conhecimento existe e dá milhões porque é de longe a forma mais rápida de garantir uma nova fonte de consumo” afirmou o presidente da Associação das Empresas Portuguesas para o Sector do Ambiente (AEPSA), Eduardo Marques.

Admitindo que as dessalinizadoras, como a que ser construída no Algarve, “vão ser precisas no futuro”, o dirigente – que participou como orador no debate de encerramento do Encontro Nacional de Entidades Gestoras da Água, em Gondomar – defende, contudo, que o caminho da redução das perdas tem resultados mais imediatos e de curto prazo e até mais relevantes do que alguns que exigem investimentos avultados.

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“Os sistemas de todo o Algarve, se tiverem uma eficiência hídrica de 20% – que não é nada de especial – permitem uma economia de água superior à capacidade que a famosa dessalinizadora – que vai custar 80 milhões de euros – vai dar ao Algarve”, exemplificou.

Eduardo Marques reconhece, contudo, que no tema da sustentabilidade do setor, o problema do financiamento é central, sobretudo no contexto da transposição das diretivas europeias para a qualidade da água e para as águas residuais.

Para o presidente AEPSA, é necessário criar condições para uma gestão empresarial das entidades gestoras do setor público, muitas delas economicamente insustentáveis.

“O setor da água em Portugal está viciado em subsídios e em fundos europeus, isso é uma realidade que tem de mudar de uma forma rápida. O único financiamento estrutural, a longo prazo e sustentável será o financiamento da eficiência e da boa gestão”, defendeu, explicando que os recursos financeiros devem ser gerados pela boa gestão.

O dirigente sublinhou que as entidades gestoras privadas, que representam 20% do setor, investiram “1500 milhões de euros sem um único subsídio”, mostrando ser possível esta mudança de paradigma.

“Os poucos subsídios que receberam foram integramente para baixar tarifas, o que mostra que é possível ter boa gestão sem subsídios, sem financiamentos externos”, rematou.

Numa crítica à gestão municipalizada, o presidente da AEPSA advogou ainda que a gestão da água “tem de deixar de ser uma arma política em períodos eleitorais”, tendo de existir “coragem política para definir tarifas em regime de eficiência, que permitam a cobertura de custos”.

“Não podemos ter a água como um fato à medida de cada entidade gestora ou de cada município por razões eleitorais”, declarou.

No seu entender, para alcançar a sustentabilidade, deve ser incentivada a adesão efetiva à rede de abastecimento de água e saneamento, que atualmente já é obrigatória, nem que seja através de coimas.

Por outro lado, defende, Portugal deve garantir o cumprimento do princípio do utilizador pagador, devendo a tarifa social ser utilizada para financiar apenas quem não tem como arcar com o aumentos dos custos.

“Não faz qualquer sentido haver uma tarifa universal, subsidiada para ser agradável do ponto de vista político”, rematou.

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4 COMENTÁRIOS

  1. Devido à seca na Andaluzia, agravada pelos excessos que se conhecem no consumo de água, devido a um regime intensivo de agricultura extremamente agressivo, os Espanhóis vêm agora pedir que lhes seja facultada a possibilidade da utilização da nossa do Alqueva.
    Então dizem que precisam da módica quantidade de 75 hectómetros cúbicos …

    Recordamo-nos, perfeitamente, noutros anos de seca, que incluiu o território de Portugal, como nos tramaram, traiçoeiramente – a palavra não é bonita, mas é a que melhor espelha a sua práxis –, captando toda a água do Tejo, em Espanha, pelo que o leito do rio, em território nacional, ficou, literalmente, seco, sendo que, mesmo avisados, os Espanhóis fizeram, como se costuma dizer, ouvidos de mercador.

    Diria, agora, em relação ao seu pedido de água da nossa Barragem do Alqueva, que é preciso ter muita lata e nenhum rebuço, o qual não deve, de todo, ser satisfeito, na medida em que é fundamental mantermos uma reserva estratégica nessa nossa barragem, visto que ninguém poderá prever quando voltará a chover, no território nacional.

    O actual Governo, por maioria de razões, em virtude de estar diminuído na sua autoridade decisória, não deve nem pode decidir sobre o assunto e muito menos ceder a alguma tentação de mimetismo ideológico com o executivo espanhol, visto que seria trair os interesses do Povo Português, uma vez que, repito, como acima escrevo, ninguém poderá prever quando voltará a chover, no território nacional.

  2. Não foi por mero acaso que o Povo Português, na sua ancestral sabedoria, criou o ditado de que “De Espanha nem bom vento nem bom casamento”.

    Como é público, várias organizações ambientais portuguesas têm, repetidamente, manifestado e chamado a atenção para a sua profunda preocupação, quanto ao facto de que passou, já há muito, o tempo seguro para a laboração da velha Central Atómica de Almaraz, cuja segurança é quase nula, que os Espanhóis construiram, na sua província da Estremadura, a cerca de 100 kms. da nossa fronteira, não distando muito, portanto, da cidade portuguesa de Castelo Branco, que, em caso de qualquer desgraça, será a primeira a arrostar com toda a gravidade da poluição atómica e impensáveis consequências daí resultantes.

    Apesar de todas as diligências portuguesas, no sentido de que a referida Central seja encerrada, antes que qualquer lamentável e incontrolável episódio ocorra, os Espanhóis ignoram-nos, olimpicamente, nada se importando com o que possa acontecer, remetendo para mais alguns anos o funcionamento da Central.

    Acresce que são as águas do Rio Tejo as utilizadas para arrefecimento da Central de Almaraz, águas do rio que, de seguida, entram em Portugal.

    Não contentes com esse facto, estão a acumular os resíduos nucleares de todas as suas Centrais Nucleares precisamente na zona da Central de Almaraz, em vez de os depositar em zonas mais centrais do seu país, num dos desertos que o seu território comporta.
    Dito de outro modo, insistem em colocar todos esses eventuais perigos junto da nossa fronteira.

    Esta é Espanha …
    Esta é a mesma Espanha que agora, hipocritamente, nos vem pedir que partilhemos com eles a reserva estratégica de água da nossa Barragem do Alqueva para fazer face aos faraónicos gastos que fazem deste precioso líquido, nas suas culturas super-intensivas, água que, obviamente, não podemos, de todo, dispensar, porque nos faz falta.

  3. Ao redigir os dois comentários, foquei-me noutros argumentos, tendo, por lapso, omitido um outro, porventura, mais importante e mais ponderoso e relevante para justificar a recusa na disponibilização de água da Barragem do Alqueva.

    Refiro-me a que nós próprios temos seriíssimos problemas de seca, de uma gravidade que colide, profundamente, com as economias locais, seja no próprio Alentejo, seja mais ao Sul, no Algarve, designadamente, no Barlavento desta província, pelo que não faria qualquer sentido e constituiria uma asneira de todo tamanho, que se viraria contra nós próprios.

  4. Os responsáveis das instituições devem ter muita cautela com as afirmações, a fim de não iludirem falsas expectativas.

    De acordo com a notícia, de que junto o respectivo “link”, mais abaixo, o Presidente da Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA), José Pedro Salema, afirmou à LUSA, cito, que “Alqueva tem água suficiente para fornecer à Andaluzia, mas ‘a manta é curta’ e a que for transferida já não volta”.

    Não. Alqueva não tem água suficiente.
    A afirmação daquele responsável tem o perigo de criar falsas expectativas aos Espanhóis para eventual fornecimento de água da nossa Barragem do Alqueva, que é essencial, como reserva estratégica para os anos totalmente incertos que se perfilam à nossa frente, quando à extrema e escassa pluviosidade das tempos actuais.

    Nesta mesma notícia é referido que o assunto da água pedida por Espanha para a Andaluzia “tem de ser tratado ao mais alto nível” entre os dois Estados (Portugal e Espanha).
    Nem Espanha deve pressionar Portugal, nem Portugal, deve, de todo, ceder a eventuais pressões para a cedência de água.
    Ponto !

    Os valores nacionais portugueses não podem ser sacrificados, em nome de qualquer amiguismo ideológico …, além de que o que está em causa não é uma questão de boa vontade, mas sim de sobrevivência, num tempo extremamente incerto de pluviosidade.
    Além de que, se vamos falar de “boa vontade”, a postura de Espanha, em relação ao cumprimento da “Convenção de Albufeira” tem-nos sido do mais hostil que é possível imaginar … como a associação ambiental ZERO tem sublinhado, quanto aos incumprimentos deliberados e sistemáticos, por parte de Espanha, da “Convenção de Albufeira”, que se têm traduzido pela sonegação, useira e vezeira e duma deslealdade que roça o agressivo, dos caudais ecológicos internacionais dos nossos três rios, Douro, Tejo e Guadiana.

    “LINK” : Andaluzia quer água do Alqueva. Região espanhola de Huelva vive seca extrema – Postal do Algarve

    O que Espanha (Andaluzia) deve passar a ser é muito mais criteriosa no gasto da água e não esbanjá-la, de um modo quase suicidário, em gigantescas zonas de agricultura super-intensiva, criando, depois, ela própria, situações, para cuja solução recorre a terceiros, que nada têm a ver com os seus erros.

    Leiam-se as pertinentes e sábias afirmações do jovem agricultor Diogo Vasconcelos, presidente da Associação dos Jovens Agricultores do Sul (AJASUL), na notícia seguinte, que refere e bem que, cito, “Portugal ‘não se pode dar ao luxo’ de entregar água da albufeira do Alqueva aos agricultores espanhóis, porque os Portugueses também precisam dela, devido à seca, no Alentejo e no Algarve”.

    “LINK” : Portugal “não se pode dar ao luxo” de ceder água do Alqueva a Espanha – CNN Portugal (iol.pt)

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