O “The Wall Street Journal” avançou ontem que o FMI admite ser inevitável uma reestruturação da dívida da Grécia no próximo ano. Uma posição negada pelos vários responsáveis do Fundo.
O jornal norte-americano “The Wall Street Journal” avançou ontem ao final do dia que responsáveis do Fundo Monetário Internacional (FMI) terão alertado as autoridades europeias para o facto da dívida pública grega ser insustentável e poder ter que ser reestruturada no próximo ano. Um porta-voz oficial do Fundo negou a veracidade destas informações ao jornal.
A confirmar-se, esta posição contraria as declarações públicas de vários responsáveis do Fundo que tem afastado a possibilidade de uma restruturação de dívida, ou seja, de um prolongamento do prazo ou mesmo de um perdão parcial. Ainda na sexta-feira, o português António Borges , o atual diretor do FMI para a Europa, insistia que o programa com a Grécia esta a ser cumprido e se a instituição não acreditasse que teria sucesso nunca o teria adotado.
Borges congratulou-se ainda com o plano de privatizações anunciado pelo governo de Atenas e lembrou que a Grécia tem ativos privatizáveis na ordem dos 100% do produto interno bruto (PIB). Um caso excecional na Europa.
Os rumores de uma reestruturação da dívida grega intensificaram-se esta semana e levaram as taxas de juro do pais a bater em novos recordes. Para o prazo de cinco anos, a taxa passou os 18%.
A hipótese ganhou consistência depois do ministro das Finanças alemão admitir esta possibilidade. Wolfgang Schauble veio depois clarificar as suas palavras mas a realidade e que os mercados estão cada vez mais convencidos que este desfecho pode ser inevitável
Também a divida portuguesa e irlandesa foram contagiadas por esta onda de desconfiança Ainda assim, segundo inúmeras análises já realizadas por bancos e think tanks, apenas a Grécia tem uma situação insustentável que pode tornar impossível escapar a uma reestruturacao. Portugal e Irlanda, apesar das dificuldades, não estão ainda na mesma situação.
Recorde-se que as regras do novo fundo europeu que funcionara a partir de 2013, e que deverão ser aprovadas em junho, preveem que os investidores privados contribuam em caso de resgate de um países O que, na prática, significa que podem perder parte dos montantes investidos de forma a facilitar a sustentabilidade financeira dos estados intervencionados.