Regantes da região pedem alívio de restrições após últimas chuvas

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Os regantes algarvios apelam ao Governo para que alivie as restrições ao consumo de água na agricultura, impostas devido à seca que afeta a região, após o nível das albufeiras ter subido com as chuvas registadas na Páscoa.

João Garcia, da Associação de Regantes e Beneficiários de Silves, Lagoa e Portimão, e Macário Correia, da Associação dos Beneficiários do Plano de Rega do Sotavento do Algarve, disseram que as barragens algarvias têm mais água do que no início do ano, quando foram impostas reduções ao consumo na agricultura (25%) e no setor urbano (15%), e a água proporcionada pelas últimas chuvas permite aliviar as restrições.

O presidente da associação de regantes de Silves, Lagoa e Portimão recordou que, nesse perímetro de rega do barlavento (oeste) algarvio, estão a ser implementadas medidas de contingência há dois anos, sublinhando que em novembro “se fecharam as torneiras”, e que os agricultores desde então “não gastam um litro de água”.

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João Garcia disse que as chuvas de janeiro, fevereiro e dos últimos dias de março criaram uma realidade diferente da que levou à aplicação dos cortes, frisando que “foi reposta muita água” nas albufeiras com as últimas chuvas, “tanto no barlavento como no sotavento [este]”, e os níveis estão iguais aos do mesmo período do ano anterior.

“Nesse sentido, as nossas expectativas é que agora – durante o mês de abril, e como também foi anunciado pela APA [Agência Portuguesa do Ambiente] que no decorrer da primeira semana de abril iria entrar em contacto com as associações no sentido de reavaliar os cortes anunciados antes de termos esta precipitação no Algarve -, possamos reunir-nos logo que possível para serem revistos os cortes e ser disponibilizada mais água” aos agricultores, defendeu.

João Garcia considerou que as chuvas registadas nas últimas semanas trazem “uma perspetiva completamente diferente” à que esteve na base dos cortes aplicados e os agricultores de Silves, Lagoa e Portimão esperam agora poder “ter mais água” e “salvaguardar a produção”, que fica em causa caso os cortes se mantenham.

O presidente da associação de regantes do sota-vento (leste) algarvio, Macário Correia, também defendeu que as últimas chuvas no Algarve trouxeram um “cenário completamente diferente” e abriram margem para rever as restrições, embora mantendo o foco na eficiência hídrica.

Macário Correia assinalou que as medidas aplicadas no perímetro de rega do sotavento reduziram o consumo em 27%, comparativamente com igual período do ano anterior, e observou que, com as últimas chuvas, “não vai ser preciso regar de uma forma regular nas próximas semanas”, exceto para rega de adubação.

“Significa, portanto, que vamos poupar água por regar menos neste período, e isso, associado ao aumento do nível das albufeiras, traça um cenário completamente diferente para os próximos tempos”, sublinhou, frisando que a água armazenada nas albufeiras é igual à que havia na mesma data de 2023 e, nas próximas semanas, as ribeiras ainda vão aportar mais água às barragens.

Macário Correia lembrou que o esforço para gerir bem a água e evitar desperdícios deve manter-se, porque o “Algarve não passou da escassez à abundância”, mas considerou que “as medidas que foram desenhadas em janeiro não fazem sentido neste momento”, quando há reservas com níveis semelhantes ao mesmo período de 2023.

“Isto significa que [agora] se pode fazer uma rega quase normal e o Governo deverá, conjuntamente com a APA e a Direção-geral de Agricultura, tomar medidas nos próximos dias de forma a rever, atualizando às circunstâncias atuais, aquelas que foram as orientações traçadas em janeiro e em fevereiro”, concluiu.

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1 COMENTÁRIO

  1. Água é mais do que ouro. É vida !

    Será equiparado a um crime de lesa-sociedade que as eventuais descargas de água da Barragem do Alqueva, no caso de esta atingir a cota máxima, sejam libertadas sem qualquer utilidade.

    Confesso o meu desconhecimento, em termos da viabilidade de essa água excedentária poder ser canalizada para as barragens do Algarve – designadamente, para o Barlavento –, porém, se houver essa possibilidade, que suponho haverá, deverão ser envidadas todas as diligências, procurando superar as eventuais dificuldades, para que o referido transvase seja uma realidade.

    Se a possibilidade de um transvase é possível, a partir do Alqueva para a região espanhola da Andaluzia, como foi solicitado pelas autoridades desta província – hipótese que jamais deverá ser permitida, visto que esta nossa barragem constitui uma das nossas mais importantes reservas estratégicas, além de que não temos obrigação de ir suprir os erros da agricultura agressiva levada a cabo naquela província do país vizinho – certamente também será viável o encaminhamento deste ouro líquido, a partir do Alqueva, para a zona ocidental da nossa província.

    Os homens e as sociedades medem-se pelas medidas cautelares que sabem tomar, em tempo oportuno, pelo que as barragens algarvias projectadas deverão, quanto antes, sair do papel e assumir as vestes da realidade.

    Este é um desafio, que não pode nem deve esperar mais e que o actual novo Governo deve assumir, em prol de uma das províncias que mais contribui, com a riqueza que cria, para o PIB nacional.

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