Remate certeiro: Obrigado, Dr. Álvaro Araújo

Obrigado, Dr. Álvaro Araújo
E como escrevi há 19 anos, Não tenhas medo, ouve

Quem, como nós, fez tudo à sua maneira, num País de Liberdade, sente, com incrível reconhecimento o abraço de que fomos alvo por parte do Executivo da Câmara de Vila Real de Santo António, presidido pelo Dr. Álvaro Araújo, no passado dia 19 de Fevereiro.


E foi com o travão ao fundo, que nos dirigimos à nação vilarealense e quantos vindos de longe ou de perto, ali tinha estacionado, não para se reencontrarem comigo, mas com um dos mais prestigiados e credíveis pelotões mundiais.


Ali no palco do reconhecimento, estava a meu lado o Rogério Domingos, um histórico amigo, que também ia ser reconhecido pelo que pedalou e pela paixão formativa e organizativa, como desde sempre manteve na estrada o ciclismo tavirense e vilarealense.


E para que não se pensasse que levaríamos ali o dia todo, fomos bem claro, no começo do nosso agradecimento e antes de o fazermos, transformámos em tripé, uma das duas lindas meninas que estavam no pódio para enfeitiçar os corredores, em que depositámos o microfone, para que livremente, disséssemos, algumas das coisas que queríamos dizer.


E antes de piscarmos o olho ao papel, que escrevemos sentados no banco da frente do nosso carro, meia hora antes de chegarmos à Avenida da República, começamos por dizer:

Outro grande momento para a minha história de vida, desta vez o reconhecimento do Dr. Álvaro Araújo e do seu executivo, com
Rogério Domingos, de igual modo homenageado


“Não vou falar de improviso, pois se o fizesse, o contrarrelógio só começaria amanhã, por isso trouxe uma cábula, que espero que não me venha a trair como a primeira cábula que fiz, e que nessa altura colei à gravata, num dos exames que fui fazer ao Liceu Nacional de Faro, dando conta depois que tinha perdido a cábula e o resultado foi bem evidente, porque apanhei zero vírgula zero a matemática, e passaram a chamar-me o pólo norte, com notas abaixo de zero.


Mas olhemos à cábula de agora e entremos por aquilo que nos trouxe aqui:


“Boa tarde, gente da minha terra e a quantos vieram de outros lados, para se associarem à 48 edição da Volta ao Algarve, que começou em 1936 e hoje faz um contrarrelógio, que poderá ser decisivo entre esta minha linda terra e a cidade de Tavira.


Boa tarde, malta do PIC NIC


Boa tarde, Amigas e amigos.


Boa tarde a este monumental pelotão.


Se nesta hora estivesse aqui o meu Mano velho Fernando Reis, ele já teria dito: MÓ… ACABA JÁ… Tenho saudades tuas Fernando.


Boa tarde, Dr. Álvaro Araújo, Presidente da CM. Boa tarde a todo o Executivo aqui presente.


Não tenho palavras para vos agradecer este momento.


Boa tarde, Delmino Pereira, Presidente da F. P de ciclismo.


Boa tarde, grande Rogério Domingos, que ainda por cima, hoje faz anos.


Boa tarde, Dr. Pedro Rolim.


Se ficar alguém para trás, paciência, têm que pedir apoio ao carro vassoura.


Já qui fui reconhecido, em 1993, pelo Eng. António Murta, então presidente da CM VRSA, com a medalha de bronze. E Fiquei contente, porque na altura pensava ser tão valioso como os sinos de Mafra, que também são de bronze. Contente, honrado e feliz.


Nem sei porque é que estou aqui agora, nem o porquê deste reconhecimento, mas certamente que o Dr. Álvaro Araújo e o seu executivo, encontraram razões para o fazer.


Mas se estou aqui por ter sido o speaker de incontáveis Voltas a Portugal. Porque nunca fui speaker da Volta ao Algarve.


Ou por ter 20 livros publicados, e a 24 de Abril próximo, apresentarei um outro, desta vez sobre a Casa da Primeira Infância de Loulé, que nasce em 1945, tinha eu apenas um ano.


Ou então ainda, se estou aqui, porque a 14 de Outubro de 2016 fui alvo da maior homenagem feita a um cidadão algarvio, nos últimos 50 anos, juntando mais de 500 pessoas, então vale apena estar aqui. Então talvez se justifique estar aqui.


Porque, como costumo dizer, em todos os momentos da minha vida, está a vida toda, e é isso, que faço de âncora, Isso, os amigos e a minha extraordinária família.


Sim tenho uma história que me honra e que honra a vila, hoje cidade, que me viu nascer.


E cheguei aqui, porque nunca abandonei o campo da aprendizagem, o que me levou a recusar ser mestre, antes aprendiz, durante toda a minha vida.
Obrigado, Dr. Álvaro Araújo e ao seu executivo.


Amigas.
Amigos.
Conterrâneos.
Gente boa.


Como já tive ocasião de dizer ao Dr. Álvaro Araújo, tudo farei para honrar este momento.


Rogério Domingos, amigo, quem diria, eu e tu no mesmo pódio.


Eu que te conheço, desde 1966, e que ao longo de todos estes anos, temos sido dois bons amigos, e de igual modo tenho enorme respeito pela tua família e pelo teu arroz de lingueirão.


Claro que ficaria aqui a tarde inteira a conversar. Mas não dá…porém, deixo os meus parabéns à CM VRSA por ter recuperado para a cidade e para o concelho, a presença dos bravos do asfalto, isto é, e neste caso, um dos mais notáveis pelotões do Mundo, e que será sempre um retorno económico e uma mais-valia para o Concelho.


Sejam felizes.


Palminhas, palminhas, palminhas, palminhas…”


Mas se este dia não tivesse sido de festa, eu teria acrescentado à minha intervenção, porque é que a Federação Portuguesa de Ciclismo, já que esqueceu e ignorou Serafim Ferreira, quando do centenário da Instituição, porque é que ainda não teve tempo de para o lembrar, recordando aquele que fez mais pelo ciclismo português, enquanto organizador de provas e Director das mesmas, do que muitos que usam na lapela triunfos que nunca conquistaram.


É que A Volta a Portugal, depois de Serafim Ferreira, e MUITO ANTES DE SE SONHAR COM A PANDEMIA, caiu no abismo. Perdeu prestígio. Agora mora num bairro, quando antes residia num condomínio fechado e elevava o País…

Uma foto com inesquecível história, dos meus anos incríveis, como speaker da Volta a Portugal


E relação a mim. Já chega, pois os testemunhos que guardo em casa, e este que recebi agora das mãos do Dr. Álvaro Araújo, que é o mais recente, são as coisas mais valiosas, pois o Delmino Pereira, hoje presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo, sabe bem, que fui eu que ensinei os corredores a estar no pódio. E fui eu que mais os valorizei, mas também fui eu o speaker que mais aprendeu com os ciclistas.


E que sobre os mesmos, longe dos holofotes de Lisboa, Porto e Coimbra, tal como o algarvio de Olhão, e também jornalista, Guita Júnior, escrevemos grandes contributos para a história do ciclismo.


Guardo ainda as derradeiras palavras do saudoso Paulo Ferreira, já quase na amargura da morte, quando me telefonou a dizer: Amigo Neto Gomes vou enviar-lhe os meus dois livros, e depois reuniremos para fazermos um livro só…


Já não cheguei a tempo. O Paulo Ferreira, já era saudade. Neste dia, o menino Paulo, como eu lhe chamava, faltava ao pódio.


Em Vila Real de Santo António também fiquei feliz e redobrei as motivações, por me ter cruzado e abraçado, assim a salpicos de quem passa um filme a uma velocidade ainda por inventar, o Pedro Cardoso, o Cândido Barbosa, o Jorge Corvo (sobrinho do Jorge e filho do Humberto) o grande Paulo Couto e o amigo Paulo Paraíso. E vi a Simoni, a filha do querido e saudoso amigo Gica…


E na ressaca de um dia inolvidável, mais um, abracei o Moreira Lopes, Presidente da A. Geral da FPC e o José Manuel Constantino, presidente do Comité Olímpico Português…e no pódio, fiquei feliz com as palavras, assim a modos de tu cá, tu lá, de Vítor Pataco, Presidente do IPDJ e Custódio Moreno, Director Regional do IPDJ.


Sei que fui uma figura incontornável na modalidade e se calhar ainda hoje fazia uma perninha, como speaker.


E ainda em relação ao meu CADERNO DE ENCARGOS como speaker, permitam-me que recupere, meia dúzia de linhas de um artigo que escrevi para o Jornal do Algarve, na crónica intitulada VOU ALI…E JÁ VENHO, um título, que sem dizer água vai, alguém na Antena I copiou assim a modos de macacos de imitação. Mas diga-se, talvez por isso, que o VOU ALI…E JÁ VENHO, da Antena I, é um belíssimo programa. Ao menos isso… Aliás, na minha terra, este VOU ALI… E JÁ VENHO, quer dizer EU VOU ALI às salgadinhas E JÁ VENHO. Não. Não vou traduzir salgadinhas. Era só o que faltava.


Pois a 1 de Maio de 2003, com o Título FIZ TUDO À MINHA MANEIRA, NUM PAÍS DE LIBERDADE, aqui e ali, escrevi:


[…] Apresentei político vitoriosos e derrotados, dei tudo de mim para que pudessem vencer politicamente, e fique feliz por os ver crescer, mesmo que muitos deles, (algarvios, mas nem todos) de forma ingrata, hoje me ignorem, depois de lhes desenhar palavras, lhes retocar as sensibilidades, e de alguma forma «obrigá-los» a acelerar a voz para que as batidas do coração fossem mais compassadas, ajudando-os da mesma forma a convencer, o eleitorado, o povo que somos.


[…] Fui «speaker», não o melhor da Europa, mas o melhor da minha rua, que ao contrário da rua do poema de António Pereira, não vai dar ao mar, vai dar ao rio.


Fui speaker da Fórmula I, no encontro de um simulador. Da Volvo – Auto-Sueco Coimbra «pondo máquinas a falar e a cumprimentar as pessoas», da Meia Maratona da Lisboa, da que passa pela ponte sobre o Tejo, e a que se desenha pela Ponte Vasco da Gama, duas das maiores provas do mundo.

Andei pelo mundo a escrever e a falar. De Mainz e Bruxelas, de Zurique a Namur, de Paris a S. Sebastian, de Budapeste a Belgrado, de Opatia a Zagreb, do Tarrafal à Cidade da Praia, do Mindelo a Sevilha, de Jerez de La Fronteira, a Túnis, de Fez a Larache, de Fortaleza a S. Salvador da Baia, de Havana a Santo Domingo, da Cidade do México a Roma, onde vi o Papa Paulo VI. Sei lá por onde andei. Só sei que, como diz a canção de Sinatra «Fiz tudo à minha maneira»…


Até fui padre no Brasil, cantei o Heróis do Mar, disse poesia, ajudei a levar o Portimonense à taça UEFA…”


E agora, por agora, encerro este REMATE CERTEIRO,, com este poema de Miguel Torga, com que termino o meu artigo, que aqui cito e sobre o qual já passaram dezanove anos:


«Não tenhas medo, ouve:
É um poema
Um misto de oração e de feitiço…
Sem qualquer compromisso,
Ouve-o atentamente,
De coração lavado,
Poderás decorá-lo
E rezá-lo
Ao deitar
Ao levantar,
Ou nas restantes horas de tristeza.
Na segura certeza
De que mal não te faz,.
E pode acontecer que te dê paz…
»

Neto Gomes

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