Revista francesa enaltece arquitetura moderna de Manuel Gomes da Costa

Faro é retratada como “a exceção modernista”

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A capital algarvia e o legado modernista de Manuel Gomes da Costa, considerado o maior representante da arquitetura da geração moderna no Algarve, surgem neste mês de julho em destaque na revista francesa IDEAT Magazine.

O número 161 daquela publicação de referência para o mundo da arquitetura e do design é dedicado exclusivamente à arquitetura portuguesa, com especial destaque para as formas da cidade de Faro.

“Fachadas a céu aberto, linhas geométricas, jogos de luz: a pacata capital do Algarve abriga entre as suas ruas ensolaradas tesouros inesperados da arquitetura modernista. Há muito ignorado, este património construído em meados do século XX vai renascendo gradualmente, defendido por um punhado de entusiastas”, refere aquela publicação numa clara alusão à criatividade e ousadia do arquiteto nascido em Vila Real de Santo António (1921).

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Uma das páginas da publicação

Pertencente à primeira geração de arquitetos modernos formados no Porto, sob a égide do professor Carlos Ramos, Gomes da Costa, chegou ao Algarve em 1953 com uma bagagem fresca de novos valores linguísticos e uma nova arquitetura que rompia com os padrões do tempo do regime.

Ao longo de mais de cinco décadas de trabalho árduo, perseverante e solitário, o arquiteto projetou e construiu centenas de obras, que, para além do programa habitacional mais corrente, teve também muita expressão no âmbito do equipamento público, dentre os quais se destacam, entre outros, a Creche de Aljezur, a Colónia de Férias de Alcantarilha, o Colégio da Nossa Senhora do Alto em Faro, a Capela de Santa Luzia ou a Cooperativa Agrícola de Santa Catarina da Fonte do Bispo.

Fácil de reconhecer, o “estilo” Gomes da Costa evoluiu ao longo do tempo. De uma linguagem próxima da “Escola do Porto” e dos mestres brasileiros como Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy ou Vilanova Artigas (nos anos 50 e 60) para um estilo cada vez mais pessoal e livre no fim da sua carreira como arquiteto (2002).

Personagem singular, foi talvez o maior representante da Geração Moderna no Algarve pela excecional qualidade e quantidade de trabalho. A persistência e coerência do seu trabalho desde o princípio da sua carreira, representam o “espírito de missão”, de equipar a sociedade para o futuro com os meios técnicos e linguísticos da sua época.

O arquiteto

Grande parte destes edifícios do Período Moderno e da sua autoria, são importantes testemunhos formais da realidade do século XX em Faro e no Algarve. Património único e irrepetível, é possível, através dele, estabelecer novas conjunturas, revendo-se a continuidade da História através da análise do acontecimento individual.

Em Faro, existem mais de 500 edifícios modernistas.

Manuel Gomes da Costa faleceu em 2016.

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