Risco de bancarrota agrava-se em Portugal

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Pela primeira vez, o custo dos seguros financeiros contra o risco de bancarrota da dívida portuguesa ultrapassou a linha dos 1000 pontos base. O risco de default disparou para mais de 58%.

Pela primeira vez, desde a adesão ao euro, o custo dos credit default swaps (cds, seguros financeiros contra a probabilidade de incumprimento) ligados à dívida soberana portuguesa ultrapassou a linha dos 1000 pontos base.

A meio da manhã de ontem, o custo dos cds a 5 anos está em 1065,30 pontos base, segundo dados da CMA DataVision. Este nível significa um spread (diferença) em relação ao custo dos cds para a dívida alemã (que serve de referência) de 1020 pontos base – cada 100 pontos base implicam um diferencial de 1 ponto percentual nos juros a pagar para financiar dívida no mercado.

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A probabilidade de default da dívida portuguesa subiu, assim, para 58,30%, tendo aberto ontem em 56,06% e fechado na quarta-feira em 55,45%. É um salto diário, só numa manhã, de mais de dois pontos percentuais. Portugal conserva o 2º lugar no “clube” dos 10 países de maior risco de incumprimento das dívidas soberanas.

As yields (juros implícitos) das obrigações do Tesouro (OT) no mercado secundário estão, também, a relectir esta brutal degradação do crédito. Os juros das OT com maturidades a 3 anos atingiram a meio da manhã o nível de 18,68% e os juros das OT a 2 anos o nível de 17,39%, segundo dados da Bloomberg.

Seis países da zona euro em risco

O movimento de alta do risco de default é sincronizado ao conjunto dos seis países da zona euro (Grécia, Portugal, Irlanda, Espanha, Itália e Bélgica) sob observação dos mercados da dívida, ainda que em patamares de risco distintos.

A Grécia aproxima-se, de novo, dos 2500 pontos base no custo dos cds (a linha vermelha ultrapassada pela Argentina em julho de 2001) e subiu para 84,8% de risco de default. Trata-se de um novo máximo histórico para a Grécia – o anterior pico no custo dos cds havia sido em 27 de junho e o mais alto risco de default ocorreu ontem (com 84,15% no fecho). Neste momento, o custo dos cds para a dívida grega está em 2426,9 pontos base, acima dos 2421,08 pontos base de 27 de junho, antes das votações dos planos de austeridade e de privatizações no parlamento grego. A situação está hoje pior do que durante as vésperas das votações em Atenas.

A Irlanda tem 53,20% de risco de incumprimento e a Espanha subiu para 24,2%. A Itália continua com o risco acima de 18% e a Bélgica viu o seu risco subir para 14%.

Um indicador global do estado do crédito na Europa, o iTraxx Europe Crossover série 15, da CMA DataVision, que monitoriza o estado dos cds de entidades europeias, depois de uma melhoria desde o dia 29 de junho, voltou a degradar-se. A variação voltou ao negativo.

JA/Rede Expresso
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