Rola-brava e zarro em perigo de extinção

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Rola-brava (Foto: Faísca)

É a primeira vez que espécies cinegéticas caçadas no nosso país são colocadas na Lista Vermelha das Espécies em risco de extinção da União Internacional de Conservação da Natureza (UICN)

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DOMINGOS VIEGAS

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A rola-brava e o zarro já são espécies consideradas em perigo de extinção, depois de terem sido classificadas como “Vulneráveis” na última atualização da denominada Lista Vermelha das Espécies em risco, publicada esta semana pela União Internacional de Conservação da Natureza (UICN).

Aquela lista passou a incluir, assim, pela primeira vez, duas espécies cinegéticas que são caçadas no nosso país, facto que “demonstra a urgência de alterar a legislação de caça em Portugal e noutros países onde estas espécies ocorrem”, alerta Luís Costa, diretor executivo da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA).

A Lista Vermelha da UICN “representa a voz da biodiversidade a indicar-nos onde devemos concentrar a nossa atenção de forma mais urgente”, recorda Luís Costa, frisando que “esta voz está claramente a dizer-nos que devemos agir já, de forma a desenvolver políticas mais fortes e programas de conservação que protejam as nossas aves e travem o seu declínio.”

O zarro, uma espécie de pato, foi uma ave bastante comum em todo o território até há cerca de duas décadas. Trata-se de uma espécie cinegética migradora que tem registado diminuições drásticas nas suas populações. Atualmente só pode ser encontrada em meia dúzia de locais.

No Algarve, a Quinta do Lago, as lagoas das Dunas Douradas e dos Salgados (onde já foram detetados casos de nidificação), são considerados os melhores locais da região para observar esta espécie, cada vez mais rara. Por vezes também surge na foz do Almargem e na zona de Vilamoura. Fora do Algarve, o zarro já só pode ser observado em duas ou três zonas de barragens e açudes do Baixo Alentejo e no paul do Boquilobo (região de Lisboa e Vale do Tejo).

A rola-brava é cada vez menos comum a sul do Tejo, mas ainda pode ser observada na zona central do Algarve (lagoas das Dunas Douradas e do Garrão) e zona de Alcoutim. Surgem alguns exemplares nas ilhas da Ria Formosa, na ria de Alvor e no cabo de S. Vicente durante a passagem migratória outonal. A província de Trás-os-Montes continua a ser a melhor zona para observar esta rola.

Zarro comum
Zarro comum

“É uma ave migradora que ainda é caçada em Portugal apesar das evidências de programas de monitorização levados a cabo pela SPEA, que demonstram um decréscimo muito acentuado, de cerca de 40 por cento na última década”, explica Luís Costa.
Com base nestes dados, aquele responsável do SPEA não tem dúvidas de que “ambas as espécies devem deixar de ser caçadas como medida de conservação”, o que requer “uma reação rápida e eficaz das entidades oficiais através da alteração do calendário venatório e da suspensão da sua caça”.

A Lista Vermelha foi criada em 1963 pela UICN, em colaboração com a BirdLife International, para avaliar com critérios objetivos qual o grau de ameaçada de extinção para cada espécie. De acordo com aquela lista, existem em todo o mundo 197 espécies em estado “Criticamente Ameaçado” de extinção, uma classificação que indica a necessidade de uma “ação urgente de recuperação e de conservação”.

Segundo o SPEA, das 77.340 espécies avaliadas, 22.784 estão ameaçadas de extinção. No grupo das aves, em particular, mais de 40 espécies viram o seu estatuto de conservação agravar-se. “Os principais grupos de aves que mostram agravamentos no risco de extinção são os abutres, as aves marinhas e as aves limícolas. Algumas delas ocorrem em Portugal e requerem medidas de conservação urgentes”, sublinha Luís Costa.

Aquele responsável recorda que no nosso país “existe uma espécie em risco crítico, que partilhamos com Espanha, a pardela-balear, e três em perigo” e recorda que “já tivemos mais, que felizmente já viram a categoria de ameaça diminuída graças a esforços de projetos de conservação”, referindo-se ao priolo e à freira-da-madeira.

Em Portugal existem ainda sete espécies com o estatuto de conservação urgente: a águia-imperial, o painho-de-monteiro, a abetarda, a freira-do-bugio, a felosa-aquática, bem como as duas novas espécies (rola-brava e zarro) que acabaram de entrar na lista.

(Notícia publicada na edição impressa do Jornal do Algarve de 5 de novembro)

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