Rumo aos 67 anos

“Em meu nome... Renovar abril 50 anos depois”

Agora que o Jornal do Algarve, entra nos 67 anos de vida, ainda que «ligado à máquina», por culpa de muitos daqueles, alguns já cá não estão, que lhe comeram a carne e agora começam a roer os ossos, so- bretudo pelos critérios famintos relacionados com a publicidade, cujo nó cego legislador, fê-lo, apenas, para alimentar os mais ricos (jornais e outros órgãos de informação) e abandonar os mais pobres (imprensa regional), que no Algarve, sem incluir as rádios locais, NOS ÚLTIMOS 20 ANOS, enterrou mais de 30 títulos numa única VALA COMUM…

Mesmo que nos digam que a crise é geral e a própria IMPRESA, grupo de que fazem parte o Expresso e a SIC «viu os seus resultados de 2023 serem prejudicados pela subida das taxas de juro, devido ao aumento dos custos financeiros com a dívida, e por isso registou um prejuízo de €2 milhões», conforme se lê na última página do Expresso, dada à estampa na edição de 8 de Março, a verdade é que o grande movimento de falsa inspiração legal, tem como função aniquilar alguma imprensa regional que, no bate papo das suas conversas, é incómoda e por isso desinteressante.

Mas entre a imprensa «defunta», também existem os que vão morrendo pelo silêncio, caso da Rádio Algarve, RDP Algarve, RDP Sul ou Rádio Alfarroba, como lhe queiram chamar, porque depois de dias e dias, semanas e semanas, anos e anos sempre a ser ouvida, silenciou como mais um mártir, o chamado miserável silêncio, até que vendam os terrenos onde está implantada, para engrossar mais uns quantos…

E foi este o momento que escolhi, para homenagem à minha amiga e nossa querida Directora Luísa Travassos, reforçado pela luta permanente contra a desistência, num tempo que nos irá conduzir a 30 de Março, data em que o Jornal do Algarve comemorará os seus 67 anos de vida. E não o faço, mas também o faço, pelo seu: EM MEU NOME, com o título: Renovar abril 50 anos depois, que chamou à capa do JA, na sua última edição, mas também pela luta que tem travado para renovar cada nova publicação com o gostoso cheiro a tinta, mesmo sem rede, pela avalanche de responsáveis pelo Algarve, incluindo empresários e autarcas, que ODEIAM O JORNAL DO ALGARVE e trocam amores, com panfletos, murados de uma mascarada democracia.

«Quando a promessa é grande o pobre desconfia, mas a democracia tem que vingar sobre as promessas populistas que primeiro recrutam os mais descontentes e menos esclarecidos e, caso acedem ao poder, são os mais pobres as suas primeiras vítimas»

A Luísa Travassos, lutando apenas e só, em nome de todas aquelas e aqueles, de José Barão a Fernando Reis (O MEU MANO VELHO), que trabalharam e lutaram, por vezes contra impiedosas vigilâncias, que ABRIL PENSAVA TER DERROTADO, para em letra de imprensa, combaterem por todos os meios os direitos que assistiam ao Algarve, para a sua independência comercial, empresarial, económica, tendo as pescas e o turismo como dominador comum. E a verdade, é que 67 anos depois, só o TURISMO EXISTE e mesmo este, alguns inteligentes da nossa praça, que um dia vão descer à terra e mesmo com o espelho todo fragmentado, irão descobrir que não valem nada. E já não valiam, pelos sítios por onde andaram e que eu bem os conheci…

Sem trincheiras, a céu aberto, sem causas políticas ou religiosas, sem amarguras ou desânimos, ainda que a regra maior fosse sempre CONTAR OS TOSTÕES, deve-se, ainda hoje, ao JORNAL DO ALGARVE, o chamado JORNAL DA RESISTÊNCIA, que então de braço dado com o NOTÍCIAS DA AMADORA, JORNAL DO FUNDÃO, COMÉRCIO DO FUNCHAL, a nossa grande «voz escrita» e que apesar da IDADE, continua a lutar na defesa dos valores da Região e da Democracia, num tempo em que esta parece cada vez mais agitada, pela influência do desnorte em que assentou nas última décadas os nossos sonhos sobre os IDEAIS DE ABRIL.

Escreve a nossa Directora:

«Quis a agenda política, ou certos políticos, criando dúvidas e desconfianças, muitas delas inexplicáveis, que o povo português fosse chamado às urnas, no ano em que se celebram 50 anos da Revolução dos Cravos. Numa sociedade em que a informação chega a todos, das mais variadas formas, pese embora a sua indiscutível importância, é muitas vezes dada de uma forma que pode provocar descrédito nas instituições criando uma falsa ideia de insegurança nos principais serviços do Estado. Ao mesmo tempo que a justiça parece ser o primeiro poder, em vez de ser um dos três poderes de uma sociedade democrática, faz-se crer que temos um SNS a rebentar pelas costuras, não mostrando a sua excelência, o que permite salvar vidas por todo este país, não olhando a extratos sociais, porque não são só os mais pobres que precisam de uma saúde pública eficaz. Quando alguém, ainda que com poder económico, tem um problema de saúde sério, em determinados casos, só o SNS tem condições para resolver.»

Em meu nome, escreveu a nossa Directora: Renovar Abril 50 anos depois. Como quem já adivinhava tudo…

E mais adiante escreve, colocando o dedo num dos lados mais severos da verdade e que pode ser lição imperativa para os dias que agora se seguem:

«Quanto aos deputados eleitos pelo Algarve, verificamos que as promessas se repetem! Há mais de treze anos que se comprometeram com a construção do Hospital Central. Ainda não o temos. Voltamos a ter essa promessa, como tantas outras que não foram cumpridas. Não há um verdadeiro espírito de de-fesa da região que os elegeu.

Levantamento de problemas – que são muitos – os transportes, a seca, a agricultura, a falta de condições de trabalho, a sazonalidade, visitas aos diversos concelhos, hospitais, centros de saúde, tem ocupado os diferentes candidatos que se desdobram para levar as suas ideias a uma população cada vez mais descrente na classe política.

Na verdade, o Algarve, apesar de ser um dos principais contribuintes para o PIB, não tem peso político. Somos poucos. […]»

Foi este retrato simples, mas pragmático, direi mais, incisivo, da nossa Directora, Dra. Luísa Travassos, sobre as renovadas preocupações do Jornal do Algarve em relação à nossa Região e ao País, que desde o distante ano de 1957, data da nossa fundação, que sempre estiveram nas preocupações e nas decisões editoriais da- quele que é actualmente um dos mais antigos e prestigiados jornais da imprensa regional do Algarve, que quisemos incluir no nosso Remate Certeiro, desta edição, escrito muito antes do 10 de Março, DIA DAS ELEIÇÕES.

Sabemos, contudo, que existe e concentra-se cada vez mais contra a imprensa regional, alguns daqueles, que num repente ficaram bem na vida, esquecendo a cartilha que os defendeu e os reergue em momentos, que pareciam perdidos. É contra esta gente que me bato, que se bate a história e cultura do Jornal do Algarve.

Às vezes quando não se gosta das verdades que o Jornal do Algarve escreve, recordo o velho e memorável pensamento de Bertolt Brecht, quando diz: «Que o rio tudo arrasta, diz-se que é violento» (Aqui o rio é o Jornal do Algarve). «Mas ninguém chama violentas às margens que o comprimem» (Aqui as margens, são os legisladores e todos aqueles que têm abandonado a imprensa regional, matando-a, como é o caso do Jornal do Algarve, um dos pilares da Democracia e que em toda a sua história também tem ajudado a combater a iliteracia.

Nota Final-ÚLTIMA HORA: infelizmente foi contrariada a lógica IMPOSSÍVEL e 50 anos depois de ABRIL, a água afinal passa duas vezes pela mesma ponte. Ao que isto chegou… já não é o povo quem mais ordena, PORQUE foi pelas portas da arrogância e não pelos ZANGADOS, que o CHEGA entrou.

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