O vírus Monkeypox é um parente da varíola, mas não é a varíola. A varíola, uma doença com um elevado nível de mortalidade (cerca de 30%), sobretudo em bebé. Esta doença foi declarada erradicada pela Organização Mundial da Saúde em 1980. O último caso foi registado em 1978.
Margarida Tavares, diretora do Programa Nacional para as Infeções Sexualmente Transmissíveis e VIH, em declarações à revista Visão, explica que o erro está na tradução. “O termo ‘pox’ é referente a erupção da pele ou mucosas – que podem assumir diferentes estádios (como vesículas ou pústulas…) – e que também existem associadas a outras infeções víricas que não a varíola (em inglês smallpox), como a ‘chickenpox’, que é a varicela, por exemplo”.
“O vírus Monkeypox foi primeiramente isolado numa colónia de macacos nos anos 50, daí a sua designação científica do inglês ‘monkey’”, prossegue Margarida Tavares.
“O vírus foi desde então já isolado em outros animais e mesmo em humanos, não sendo sequer o macaco o seu reservatório, mas sim um hospedeiro acidental, tal como o ser humano”, clarifica a especialista.
“Por se tratar de uma nomenclatura científica universal, a designação Monkeypox não deve ser traduzida para português (cuja tradução literal seria algo como “exantema dos macacos” e não “varíola dos macacos”)”, esclarece.
Apesar da explicação científica, há outro aspeto a ter em conta, segundo Margarida Tavares. “Acresce que além de ser inexata, a designação de ‘varíola dos macacos’ pode ser estigmatizante para as pessoas afetadas pelo síndrome clínico”, nota a clinica.