SMS: As grandes causas e os pequenos efeitos

Muitos ouviram, nesta terça-feira recente, o discurso de posse do presidente do Governo Autónomo da Madeira. Isto e aquilo, vamos fazer e fizemos, queremos e pedimos, etc,. etc.. Mal ou bem, expôs as grandes causas da Madeira, vai ser o responsável dos efeitos, sejam estes pequenos ou grandes. É claro que a Madeira está longe de apresentar a “densidade demográfica” do Algarve, mas é de crer que nenhum algarvio seja ele natural, adaptado ou adventício, inveje a Madeira no que decide e faz com autonomia. Não se queria tanto, embora ainda que pouco, os que deviam usar a voz em S. Bento para insistir nesse pouco (a regionalização administrativa antes que seja tarde) quando falam, não usam o aparelho fonador normal – são ventrílocos e não mexem os lábios.

Agora já se tornou moda partidária para justificar a paralisia, o faz de conta e o incumprimento de propaganda eleitoral, o recurso a esta arte política de usar a voz sem que se abra a boca ou se mova os lábios, de maneira que o som das reclamações regionais pareça vir doutra fonte diferente do falante. E como o argumentário convence cada vez menos gente, gente que se torna descrente, surge também agora um novo argumento – o de que o Algarve não tem “densidade demográfica”. Que não tem densidade demográfica para um Hospital Central, mas tem para dois periféricos e um sem número de privados que operam como vespas asiáticas. Que não tem densidade para linhas e transportes ferroviários que não sejam os do século XIX que ainda nos servem. E antes de se redigir aqui mais um “etc.” que não tem densidade para a criação de uma ou duas áreas metropolitanas incorporando e racionalizando cidades, vilas e quintais.

Comparemos, então, a Madeira que ninguém inveja na sua autonomia e custos da insularidade, com o Algarve que, sem lóbis é espezinhado nos corredores da alta política que quatro ou cinco lóbis regionais reclama como seus por usucapião.

A Madeira tem uns 270 mil habitantes vivendo em escassos 800 km² (metade dos quais na cidade do Funchal), o Algarve tem uns 450 mil habitantes vivendo em 5.412 km², com metade dos seus habitantes numa verdadeira área metropolitana central (três cidades e quatro vilas praticamente contíguas), e a outra metade em mais outras duas áreas semelhantes. Não é preciso colocar-se ou construir casas sobre casas sem deixar espaço sequer para uma bananeira, para o Algarve se apresentar com “densidade demográfica” para os devidos efeitos estatísticos e políticos. Mente quem esconde ou não descreve com verdade a densidade demográfica que o Algarve possui, a que se junta uma apreciável população passante e que duplica ou triplica a demografia do Algarve em quatro ou cinco meses que o resto do País faz por esquecer ou de que não se lembra.

Flagrante ditado: Ainda não chegámos à Madeira…

Carlos Albino

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