VAI ANDANDO QUE ESTOU CHEGANDO

O Mundo está perigoso. Porque inseguro e imprevisível, em particular devido, mas não só, à alteração produzida com a eleição de Trump como Presidente da Nação mais poderosa do Mundo.

Numa recente entrevista ao cientista e escritor Onésio Teotónio Almeida, açoriano a viver nos EUA há 45 anos, Professor catedrático da Universidade de Brown, referindo-se ao atual Presidente dos Estados Unidos, figura pela qual não manifestava qualquer consideração, considerando ” que mente por ideologia, é um egomaníaco descomunal. Os valores dele são asquerosos” embora o preferisse ao seu vice-presidente que considerava mais perigoso ainda.

É neste contexto que vivemos, marcadamente instável e imprevisível, para o qual conta o terrorismo, obra do fundamentalismo islâmico, o comportamento de um regime paranóico na Coreia do Norte, o papel que a China se dispõe a assumir neste confronto, as ambições de Putim e, mais recentemente, os resultados de um referendo que dão poderes absolutos a Erdogan na Turquia.

É assim que não nos surpreende que em plena celebração pascal, a maior celebração religiosa do mundo católico, sempre marcada por apelos à paz e ao são convívio entre os povos, tenhamos assistido a ameaças sobre uma terceira guerra mundial a propósito da tensão vivida na península da Coreia, a par das intervenções dos EUA na Síria e no Afeganistão, com justificações que mereceram por parte da ONU pedidos de esclarecimento.

Os resultados obtidos por Erdogan no referendo, mesmo que por margem mínima, representam um regresso civilizacional de mais de cem anos, longe do que Ataturk, fundador e Presidente da República da Turquia, país que após uma batalha pela sua independência, emerge na primeira vintena do século XX dos destroços do império Otomano, é declarado em resultado das profundas reformas então criadas, como um estado democrático e laico e, de que de entre as múltiplas reformas então empreendidas, destaco pelo seu profundo significado, a consagração do direito às mulheres de votarem e serem eleitas, direito negado pela ditadura às mulheres portuguesas.

Ao contrário, no presente, o que estava na base da consulta era a concentração de poderes absolutos em Erdogan através de uma revisão constitucional que lhe seguirá, a qual lhes dará poderes acima do parlamento passando a ser da sua responsabilidade a nomeação dos seus vice-presidentes, bem como de todo o aparelho judicial, medidas apoiadas num apertado controle que já dispõe de toda a imprensa. Turquia, país é bom recordá-lo, que continua a ser membro da NATO e tinha um pedido de integração na EU que face ao presente a meu ver, não faz qualquer sentido.

Toda esta situação agora criada e de cujas consequências permanece uma justificada inquietação é igualmente a demonstração, repito, do Mundo instável em que actualmente vivemos e sobre o qual sem ambiguidades nos temos de posicionar de forma a travar a escalada de um clima de confronto, de ameaças e provocações que podem abalar e destruir todas as nossas vidas.

Por razões editoriais a referência ao 25 de Abril só acontecerá posteriormente, ou seja, na próxima edição. Mas aqui fica, mesmo por antecipação, o meu desejo que para além da festa perdure o seu espírito reformador e democrático que lhe esteve desde sempre na sua origem e o tornou vitorioso.

Carlos Figueira
[email protected]

NB: Defendo que o aeroporto de Faro se passe a chamar aeroporto do Algarve Manuel Teixeira Gomes

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