Vai Andando Que Estou Chegando

Carlos Figueira
Carlos Figueira
Foi membro do Comité Central e da Comissão Politica do PCP até ao XVI Congresso. Expulso do Partido em Setembro de 2002, num processo que envolveu Edgar Correia e Carlos Brito. É membro da Refundação Comunista. Saiu do país clandestinamente em Agosto de 1964, foi aluno da Universidade Livre de Bruxelas em Ciências Políticas e Sociais e mais tarde no Instituto de Ciências Sociais e Políticas de Moscovo. Atualmente é consultor de empresas, escritor e cronista regular na imprensa regional e nacional.

Após um mês de governação com tempo ocupado no afastamento de gente na direcção de Instituições do Estado, num movimento nem sempre executado de forma respeitosa para com os cidadãos em questão, o Governo anuncia com pompa e circunstância um conjunto de obras fundamentais para o desenvolvimento do País, algumas delas desde há muito aguardando concretização, e já previstas no Governo de Sócrates (2005/2009). Trata-se do novo aeroporto de Lisboa, da ligação Lisboa/Madrid em alta velocidade, uma nova travessia sobre o Tejo e a ampliação da Portela até à conclusão do novo aeroporto já batizado com o nome do nosso grande poeta Luís de Camões.

Aqui chegados interessa saber se estamos em presença de uma mega operação de propaganda tendo como alvo obter uma vitória eleitoral da AD (PSD,CDS,PPM) nas eleições europeias de 9 de Junho, ou se trata efetivamente de uma vontade política para que as mesma sejam executadas no prazo mais curto e com menores custos para os contribuintes.

Segundo, faz pouco sentido que o governo se aproprie na totalidade desse gigantesco dossier, com um curto mês de governação, quando foram sendo conhecidas posições que de facto visavam o seu atraso, de entre elas, a formação de uma comissão do PSD para julgar as decisões da Comissão Independente sobre a, ou as, localizações do novo aeroporto.

Conhecido que foi o anúncio logo se ergueram, numa multiplicação de vozes, pondo em causa a sua utilidade. Ou porque no entender de alguns especialistas e comentaristas o País não dispunha de meios financeiros para as suportar, ou porque tecnicamente não se ajustavam às necessidades, ou porque como Nuno Rogeiro, considera o campo de Alcochete fundamental para a NATO. Até que ponto vai a hipocrisia, a subserviência de alguns, numa actitude mesmo tratando-se, como tudo indica, de funcionários de serviço, somada a de outros sempre em defesa de soluções que permitam aos financeiros e especuladores de várias origens, obter os maiores ganhos como foi o caso do negócio da Altice com a privatização da gestão dos aeroportos.

De várias matizes e interesses vamos ter de os defrontar em defesa dos interesses do País e do seu desenvolvimento. Todo este processo, e estamos no início de um ciclo, faz-me lembrar o que se passou com a construção da barragem do Alqueva. Levou anos a concretizar-se, foi objecto de uma onda de contestação de especialistas de várias matizes, sendo hoje, como a vida o tem vindo a demonstrar, um enorme sucesso que permitiu o desenvolvimento da agricultura alentejana, a navegabilidade do Guadiana, contendo a sua salinização, afirmando-se como o maior, ou entre os maiores, polos turístico de toda uma vasta região.

Perante tais exemplos, trata-se a partir de agora de unir forças para a sua concretização, porque se trata de um imperativo nacional. E assim sendo cabe à esquerda, no seu conjunto, uma posição firme, diferenciada, combativa, visando a sua concretização.

Como era de esperar o governo enfrenta uma onda de contestação porque nas várias reuniões realizadas para acertar posições sobre salários e carreiras, as promessas eleitorais eram efectivamente e só promessas que antecipadamente se sabia que não seria possível concretizar, provocando uma onda de instabilidade. Em política não vale tudo!

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