Vestígios arqueológicos provam que romanos já produziam vinho há dois mil anos

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O Douro produz vinho há cerca de dois mil anos, por intermédio dos romanos que passaram pelo vale duriense e deixaram vestígios que estão a ser investigados na Fonte do Milho, Peso da Régua.

A Estação Arqueológica da Fonte do Milho, monumento nacional desde 1959, está a ser alvo de uma intervenção que vai custar 1,1 milhões de euros e resulta de uma parceria entre a Direcção Regional de Cultura do Norte (DRCN) e a Câmara de Peso da Régua.

Instalada em pleno Douro, entre vinhas e montes, a Fonte do Milho esconde uma história que transporta a produção de vinho à época romana, muitos séculos antes do Marques de Pombal e da demarcação deste território.

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O monumento integra duas imponentes linhas de muralhas em xisto, ocupando uma área superior a um hectare.

A diretora da DRCN, Paula Silva, afirmou, durante uma visita ao local, que “é precisamente essa história que se quer revelar”.

“A história do Douro não tem apenas 250 anos, mas existe já uma presença muito forte do tempo dos romanos e que é aqui visível”, afirmou a responsável.

Apesar de ser considerado um “mais emblemáticos” sítios arqueológicos da região classificada pela UNESCO, em 2001, a Fonte do Milho foi ainda pouco investigada, existindo apenas uma publicação assinada por Fernando Russel Cortez, que estudou o sítio entre as décadas de 40 e 50.

Segundo este historiador, os vestígios de ocupação remontam o século I e o Baixo-Império. Os novos arqueólogos estão em escavações há cerca de um ano e o objetivo é confirmar estes dados.

Para já suspeita-se que a ocupação neste sítio é anterior à época romana, remontando talvez aos séculos III ou II antes de Cristo.

Mas o trabalho no terreno está a ser árduo. Praticamente é preciso analisar “pedra a pedra”. Segundo o coordenador do projeto, Paulo Amaral, até ao momento foram estudadas as estruturas defensivas, as muralhas da ‘villa’ (quinta) romana, e descoberta uma entrada mais monumentalizada composta por um torreão.

“No interior começamos pela limpeza da área. Estamos aqui em presença de uma estrutura de vinificação. Agora queremos começar a detalhar mais, queremos perceber essa função, se é só destinada à vinificação ou se também estava destinado à olivificação”, explicou.

No próximo ano, será concluída a escavação, quer na muralha quer no interior, para depois consolidar as ruínas, restaurar, criar percursos para os visitantes.

Até ao segundo semestre de 2012, será ainda construído um centro de interpretação na aldeia de Canelas, recuperando uma casa antiga.

Aqui os visitantes poderão ver um pequeno filme e ter acesso a documentação que explique a presença romana no Douro.

“Depois de tanto tempo escondida, vamos finalmente revelar ao país e ao mundo a Fonte do Milho”, afirmou o presidente da Câmara da Régua, Nuno Gonçalves.

AL/JA

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