“YouTube trava guerra permanente contra pessoas maldosas”

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Palavras de João Paulo Paiva, designer do YouTube, em entrevista ao Expresso. Uma conversa à volta do site que mudou a Web, mas que também é vítima do seu sucesso.
João Paulo Paiva, 36 anos, é designer no YouTube há cerca de seis meses. Trabalha no escritório da Google – dona do popular site de partilha de vídeos – em Zurique, o maior centro de desenvolvimento fora dos Estados Unidos, com cerca de mil colaboradores.

“O trabalho é muito intenso. Tenho de estar sempre em contacto com os escritórios de Londres e da Califórnia, por videoconferência. É uma empresa realmente global”, afirma em entrevista ao Expresso.

De passagem por Lisboa a convite do Instituto Superior Técnico (IST), onde participou na Semana Informática , diz que na Google o seu trabalho pode ter impacto para milhões de pessoas em todo o mundo.

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Formado em Ciências da Computação no Brasil, Design Gráfico, no Instituto de Artes da Califórnia (EUA) e Comunicação Tecnológica na Universidade de Lugano (Suíça), trabalhou no desenho de aplicações Web e interativas durante quase uma década.

O que é que mudou na Web desde que surgiu o YouTube?
O YouTube democratizou a distribuição de vídeos, dando visibilidade ao trabalho, até então desconhecido, de muitas pessoas. Já existiam serviços similares, mas a infraestrutura tecnológica do YouTube, que tal como o Google quer sempre ser o mais rápido e fiável, permitiu a pessoas do mundo inteiro publicar os seus vídeos. Hoje, quando se pensa em vídeo na Web, pensa-se no YouTube.

Mas a verdade é que os vídeos mais populares são de bebés a rir ou pessoas a fazer figuras ridículas.
Trabalhamos constantemente na melhoria do sistema de pesquisa de vídeos, para que as pessoas consigam mais rapidamente encontrar o que pretendem. Mas o conteúdo é tão vasto que há de tudo. Há vídeos que para algumas pessoas são tolices, mas para outras não.

O design pode de alguma forma ajudar a mudar essa imagem?
Sim, mas não é fácil porque se tratam de milhões de utilizadores. Além disso, a nossa missão não é dizer às pessoas o que elas têm de ver, mas facilitar a vida a todos aqueles que usam o site. Simplificando o processo de publicação de vídeos, seja a partir de um telefone móvel ou de um computador ou até de uma consola de videojogos.

É verdade que bloqueiam muitos vídeos por conter, por exemplo, imagens violentas?
O YouTube tem um sistema que permite bloquear esse tipo de conteúdo. Todos os vídeos que são sinalizados como impróprios, são pré-visualizados por uma equipa. É uma guerra permanente contra pessoas maldosas. Há muitas pessoas com intenções malignas.

Onde é que vai buscar inspiração para melhorar o YouTube?
Fazemos muitas pesquisas um pouco por todo o mundo, perguntando aos utilizadores que funcionalidades gostariam de ter no YouTube. A inspiração é importante, mas é um trabalho muito baseado em dados. Tentamos sempre colocar o utilizador no centro do processo de mudança.

Mas não é verdade que essas funcionalidades não são iguais em todo o mundo?

É verdade. Traduzir por vezes não chega. No Japão, por exemplo, submetem muitos vídeos a partir de telemóveis. Em África também, mas usam telemóveis menos sofisticados. Para cada tipo de país e de cultura a aplicação é adaptada e nunca partimos do pressuposto de que, se funciona nos EUA tem de funcionar no mundo inteiro. É um facto que a maior parte dos lucros da Google já são gerados fora dos EUA.

JA/Rede Expresso
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