Buscas pelo avião malaio entram em nova fase

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Equipa internacional prossegue as buscas pelo avião desaparecido há 50 dias

Cinquenta e dois dias após o desaparecimento do avião da Malaysia Airlines, com 239 pessoas a bordo, o mistério continua e supostamente já terminou o prazo das baterias das caixas negras.

O primeiro-ministro australiano, Tony Abbott, afirmou esta segunda-feira que será “altamente improvável” encontrar os destroços do avião da Malaysia Airlines à superfície do oceano. E agora?

“Poderá continuar-se as buscas debaixo de água, procurando contacto visual com as caixas negras que, ao contrário do que o nome possa indiciar, tem cor laranja vivo, para que possa ser mais facilmente visível por equipas submarinas, com mergulhadores e veículos submarinos operados remotamente (ROVs)”, diz ao Expresso Rodrigo Ventura, investigador no Instituto de Sistema e Robótica de Lisboa, do Instituto Superior Técnico (IST).

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Já José Azevedo, professor da Universidade de Aveiro, acredita que será uma tarefa difícil, sublinhando que o sinal emitido pela bateria da caixa negra é decisivo para a localização do objeto.

“Dada a incerteza sobre a localização da queda do avião é uma tarefa extraordinariamente difícil, com uma probabilidade de sucesso muito baixa localizar visualmente a caixa negra. Se o emissor parar de emitir a deteção fica muito mais difícil, se não impossível”, afirma ao Expresso José Azevedo.

Dados podem ser recuperados

Segundo Rodrigo Ventura, apesar das baterias que alimentam os sinais transmitidos às caixas negras terem uma duração aproximada de 30 a 45 dias, por vezes podem durar mais. Além disso, sublinha Rodrigo Ventura, que é à partida possível recuperar os dados gravados.

“O emissor é um dispositivo completamente independente do sistema de gravação. E o sistema de gravação não depende de qualquer bateria, regista o que foi gravado por tanto tempo quanto a integridade física da caixa”, explica.

O especialista dá como exemplo o caso do avião da Air France AF447, que caiu no Atlântico em 2009, e cujas gravações foram recuperadas passados dois anos, muito depois da bateria do emissor ter-se esgotado.

Questionado sobre os últimos possíveis sinais emitidos, Rodrigo Ventura, esclarece que o cada sinal é constituído por uma sequência de pulsos sonar, com uma frequência de 37.5kHz +/-1kHz, ultrasónico, não audível pelo ouvido humano, com uma intensidade de 160dB. “Este sinal não contém a identificação da aeronave e não é impossível que a deteção seja um falso sinal. Por exemplo, pode verificar-se a confusão com o ruído acústico ou com alguma emissão de um animal marinho”, diz.

“Mas podemos também observar que até agora as localizações dos sinais recebidos são coerentes com o lugar geográfico estimado a partir das últimas trocas de mensagens por satélite. Daí ainda algum otimismo [mesmo hoje]”, acrescenta.

O professor da Universidade de Aveiro refere, por seu turno, que com a recuperação das caixas, “caso os danos nelas provocados pelo acidente não sejam irreversíveis, os dados gravados poderão ser recuperados em laboratório.”

Os dados podem ser recuperados por equipas especializadas, dependendo do estado do equipamento, podendo bastar ligar um cabo ao conetor externo, ou ser necessário abri-la fisicamente para se ter acesso aos componentes que registam a informação (dados de voo e gravações de voz), explica também Rodrigo Ventura.

Caixas negras são resistentes

Os especialistas frisam ainda que as caixas negras têm uma forte resistência à pressão e às condições climatéricas, com uma dupla cobertura em aço inoxidável resistente à corrosão ou em titânio, com isolamento térmico no interior.

Os objetos têm de respeitar as normas internacionais, nomeadamente “a norma EUROCAE ED-112 (da European Organisation for Civil Aviation Equipment), que inclui, entre outros, a impermeabilidade e a capacidade de resistir a choques de 3400G (1G=gravidade), a penetração, a esmagamento estático de 2.2 toneladas, a temperaturas extremas (altas e baixas – 260ºC durante 10 horas e 1100ºC durante 60 minutos), e à pressão do fundo do mar”, diz Rodrigo Ventura.

O voo MH370 da Malaysia Airlines partiu a 8 de março de Kuala Lumpur com destino a Pequim, às 0h41 (16h41 em Lisboa), e desapareceu dos radares duas horas depois.

RE

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