A campanha oceanográfica CARBO-ACID, a qual contou com a participação de oito investigadores do Centro de Ciências do Mar (CCMAR), decorreu entre os dias 02 e 11 de agosto a bordo do navio oceanográfico Ramón Margalef.
Segundo informações do centro de ciências da Universidade do Algarve (UAlg), a campanha irá permitir “investigar os potenciais efeitos da acidificação nos organismos carbonatados (cocolitoforídeos, pterópodes, foraminíferos planctónicos e bentónicos e corais) ao longo da margem Ibérica”.
Ao longo dos vários dias de expedição foram colhidos dados oceanográficos e amostras de água, plâncton, corais de água fria e sedimentos durante um período de afloramento costeiro sazonal ao longo de dois perfis, que coincidem com dois filamentos de afloramento persistentes nesta margem: o Cabo Finisterra e o Esporão da Estremadura.
Um dos principais objetivos do projeto CARBO-ACID é estudar as tendências do pH da água do mar naquela região de afloramento costeiro durante a transição da Era pré-industrial até as condições atuais.
Os novos resultados permitirão comparar variações de pH da água em diferentes escalas temporais e sob diferentes forçadores (naturais vs. antropogénicos) e estimar a amplitude de mudanças biogeoquímicas futuras no oceano relativamente ao ciclo do carbono e resposta consequente da biota.
Durante o cruzeiro realizaram-se sete estações ao longo de sois perfis, um na área do Cabo Finisterra e outro na área do Esporão da Estremadura. Os dados recolhidos permitirão identificar diferentes massas de água presentes naquela região, caracterizar as suas propriedades físicas e recolher amostras de água a níveis específicos, tendo sido algumas filtradas, para várias análises: DNA, clorofila, fitoplâncton, cocolitoforídeos, pH, alcalinidade, e isótopos estáveis de oxigénio e carbono.
Foram ainda amostrados 14 perfis verticais de plâncton dos 700 m da coluna de água até a superfície com recurso a uma ‘Multinet’ de cinco redes, para obter uma representatividade das comunidades planctónicas a profundidades específicas. Foram também colhidas 10 amostras de sedimento com uma ‘Box corer’ para estudar as condições oceanográficas do passado a partir de diferentes indicadores usados em paleoceanografia e sedimentologia.
Por fim, na Montanha submarina de Fontanelas (na estação mais ao largo do perfil do Esporão da Estremadura) foram ainda colhidas 15 dragas com o amostrador Shipek para caracterizar a cobertura sedimentar e avaliar a presença de corais de água fria.
Esta campanha (SEA02_10_Carbo_Acid) foi financiada pelo Projeto EUROFLEETS+ – um projeto financiado pelo Programa de Investigação e Inovação HORIZON 2020 – e que disponibiliza navios oceanográficos para investigação científica.
Na campanha participaram oito investigadores do CCMAR, Instituto Português do Mar e da Atmosfera, Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, Universidade de Salamanca (Espanha) e Universidade de Angers (França).
Além da equipa a bordo, a expedição contou ainda com uma equipa multidisciplinar em terra que incluiu investigadores do Instituto Dom Luis, Instituto de Tecnologia Química e Biológica António Xavier, Laboratoire des Sciences du Climat et de l’Environnement /CEA/CNRS/UVSQ, (França), Royal Netherlands Institute for Sea Research (Países Baixos) e da Universidade de Heidelberg (Alemanha).
