Em Loulé, as Jornadas Europeias do Património vão ser assinaladas com visitas orientadas ao Cemitério de Loulé. As jornadas vão decorrer entre os dias 23 e 24 e debruçam-se sobre o tema “Património e Paisagem Urbana”.
O tema é trabalhado em simultâneo por 50 países europeus e visa sensibilizar os europeus para a necessidade de proteger e valorizar as características da paisagem nas cidades, vilas e aglomerados urbanos.
A escolha do Cemitério de Loulé como ponto de interesse para o assinalar estas jornadas pode parecer curioso, mas os responsáveis justificam que o cemitério vai ser visitado enquanto espaço de culto e cultura. As visitas vão ser orientadas pelos investigadores da História e Cultura locais, Luís Guerreiro e Luísa Martins.
Durante a visita, os participantes vão conhecer a “última morada” de figuras proeminentes da cultura local como é o caso de António Aleixo e José da Costa Mealha.
Para participar nestas visitas guiadas é preciso fazer inscrição prévia na Divisão de Cultura e Museus da Câmara Municipal de Loulé ou através dos seguintes contactos: [email protected] ou 289 400 885.
Talvez a obrigatoriedade de «inscrição prévia» como diz a notícia em apreço, tenha contribuído para constranger o número de circunstantes que presenciaram a lucidíssima dissertação dos historiadores que abrilhantaram com o seu discurso a arte patenteada no Cemitério de Loulé, hoje, 24-IX-2011.
Dois historiadores, dois discursos, o mesmo tema metafísico: a ténue linha que nos separa entre o existir e a pureza da morte.
Foi uma visita delongada, que deu vez à espacialidade necessária para o exercício da memória histórica local, questionando o significado do tempo e o modo. Mostrando-nos que importância tem quando foi criado o mundo, se o mais importante é o homem reconhecer-se conscientemente vivo. De um saber consciente que o tempo (crono) é uma ilusão metafísica que coube a cada um de nós, surpreendedo-nos o quem somos, ou o como o outro é, neste mundo complexo quinézico… infinitesimal. Um mundo feito de fragilidades existenciais, de mitos, de banalidades e de medos. Em momentos circulares que o mistério da vida e da morte se neutraliza em alvoroço numa redução ao concreto abstracto da infância.
No discurso da historiadora Luísa Martins assistimos à narrativa de um mundo mágico «plasmado» no constante circular (serpente) momento da vida, do nascimento e morte.
Continuadamente, o círculo, a maior perfeição da natureza, transporta-nos à teimosia de não crescer e criar. De restar na pureza dos dias primeiros… onde a memória é o ventre da alma.
Correcção:
No meu comentário abaixo (primeiro), por lapso involuntário não foi descrito o nome do historiador Luís Guerreiro, pelo qual nos penitenciamos e deste modo relevamos a grande admiração intelectual e pessoal que nutrimos por ele, desde sempre.
Com o devido pedido de desculpas, aqui deixo a elevação que o nome do Eng.º Luís Guerreiro merece, por tudo quanto tem feito em benefício da cultura e identidade do concelho de Loulé.