Estamos na final! E, se perdermos, que se f…

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Ah, o futebol moderno. Temos de aceitá-lo, mas às vezes fere a alma, já para não falar dos olhos. O País de Gales era esta noite a equipa “visitante” e jogou com o seu equipamento secundário, todo preto; Portugal era a equipa da “casa”, mas também jogou com o secundário, todo verde. E ambos começaram esta estranha (por inédita) meia-final do Euro-2016 fiéis aos equipamentos: secundários, porque ninguém quis assumir-se e assumir o jogo, não fosse dar-se o caso de haver emoções à flor da pele em Lyon, pelo menos na 1ª parte, para ninguém se arriscar a perder.

É que isto das emoções é coisa daquele futebol antigo, das coxas elásticas, das fitas na cabeça, dos pensos no nariz que ajudavam a fazer ninguém sabe bem o quê. Ainda esta tarde, nas poucas horas livres antes do jogo, fui ao museu Gadagne ver uma exposição chamada “Divinement football”, com Diego Armando Maradona como cabeça de cartaz, claro está, e o deus do futebol, para além de fazer tudo o que lhe apetecia dentro de campo (aquele aquecimento memorável), também dizia tudo o que lhe apetecia fora dele (“Que la chupen y que la sigan chupando”). Saudades.

Mas ainda há outros deuses (do futebol moderno) que de vez em quando nos fazem lembrar que o futebol também é jogar com o coração. Como o capitão português, Cristiano Ronaldo, que neste Europeu não só mandou um microfone à água como marcou o seu melhor golo quando soltou as emoções e mandou João Moutinho fazer-se homenzinho e marcar um penálti contra a Polónia: “Se perdermos que se f…”

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João Moutinho marcou, Portugal ganhou e Ronaldo vestiu o seu melhor fato de capitão – e goleador. Depois de uma série de dias em que se falou mais da Bola de Ouro do que de Portugal e de Gales, Ronaldo saltou esta noite para a glória – coletiva e individual – quando deixou Chester pelo chão e foi às alturas marcar o primeiro golo do jogo, aos 50 minutos.

E foi na 2ª parte que começou esta meia-final, porque na 1ª pouco mais houve do que um ligeiro cabecamento de Ronaldo para fora e um remate de Bale para as mãos de Patrício. O País de Gales entrou no seu habitual 3-5-2 que é 5-3-2, com James Collins e Andy King nos lugares de Davies e (o muito importante) Ramsey, e Portugal começou com uma 4-4-2 losango com Renato e João Mário nas alas e Danilo e Adrien no meio – mas a maior surpresa esteve na defesa, já que Pepe não recuperou da lesão e o escolhido de Fernando Santos (presumivelmente pela estatura para combater o jogo aéreo de Gales) foi Bruno Alves e não Ricardo Carvalho.

Dizia então que a meia-final começou no início da 2ª parte, com o golo de Ronaldo, aos 50 minutos, depois de um canto curto marcado por João Mário e cruzado por Guerreiro, e praticamente também terminou no início da 2ª parte. É que se Portugal já tinha sido (ligeiramente) superior, três minutos depois do golo arrumou com a questão: um confiante Ronaldo voltou a atirar para a baliza de Hennessey e bastou a Renato abrir as pernas e a Nani desviar ligeiramente a bola para fazer o 2-0.

Chris Coleman mexeu imediatamente na equipa galesa, metendo mais um avançado – Volkes – e tirando um médio – Ledley -, mas voluntarismo não é virtuosismo e os galeses nunca assustaram verdadeiramente Rui Patrício. Até foi Danilo, primeiro, e Ronaldo, depois, que tiveram as melhores oportunidades para marcar e dilatar a vantagem, que foi sempre tranquila como a cara de Fernando Santos perante os jornalistas nas conferências de imprensa.

Portugal venceu por 2-0 (e Ronaldo pôs uma mão na Bola de Ouro) e estará no domingo no Stade de France na final do Euro-2016 – a sua segunda final de um Europeu, depois do Euro-2004. Resta saber com quem jogará e a escolha não é agradável: Alemanha ou França. Mas o que interessa é que estamos lá – jogando melhor ou pior. E, como diz o capitão, se perdermos, que se f…

Mariana Cabral (Rede Expresso)

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