Eurogrupo reúne de emergência

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Com o nível dos juros em escalada e o risco de default em valores recorde para a Grécia, Portugal e Irlanda, os ministros das Finanças da zona euro tentarão iniciar uma maratona para conseguir uma “ponte” entre as posições alemãs e do BCE sobre a crise grega

Uma reunião especial dos ministros das Finanças da zona euro acaba de ser convocada para esta tarde. A que se seguirá uma reunião informal do Ecofin à noite.

O Eurogrupo, presidido pelo primeiro-ministro luxemburguês Jean-Claude Juncker, vai iniciar uma maratona para “amaciar” as divergências sobre a crise grega, sobre as condições anexas para a aprovação de um segundo pacote de resgate para Atenas. Juncker já havia anunciado que um grupo de trabalho iria procurar limar as posições opostas entre o BCE, por um lado, e ele próprio e os alemães, por outro.

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Juncker e os alemães defendem uma “reestruturação suave” para a dívida soberana grega, implicando uma troca de títulos “voluntária” por parte dos credores privados (bancos e fundos) estendendo o prazo por mais sete anos. Foi Juncker que a 17 de maio avançou com a ideia de uma reestruturação a que chamou de re-profiling.

O Banco Central Europeu (BCE) opõe-se a qualquer reestruturação que desencadeie nos mercados financeiros um “evento de crédito”. Jean-Claude Trichet, o presidente do BCE, reafirmou hoje a sua linha de “nem evento de crédito, nem default seletivo”.

A reunião de ministros das Finanças da União Europeia (Ecofin) está convocada para dia 20 de junho e a cimeira dos 27 membros da União para dias 23 e 24 de junho.

Mais uma acha para a fogueira foi lançada ao final da tarde pela agência Standard & Poor’s relativamente à notação da dívida de longo prazo da Grécia e a Associação do mercado de derivados resolveu considerar o plano de reestruturação da dívida junior do banco irlandês AIB como “evento de crédito”.

S&P passa dívida grega para nível à beira de default

Entretanto, a agência de rating Standard & Poor’s baixou a notação da Grécia de B para CCC. Na notação B, a agência já considerava a dívida grega como “especulativa” (vulgo: lixo) mas apontava para um risco futuro de incumprimento. Com a notação CCC – o primeiro escalão nos C – fala-se já de risco muito claro de default.

No comunicado emitido pela agência fala-se de uma probabilidade muito significativa de ocorrerem “um ou mais defaults”. A agência manifesta, assim, a convicção de que os planos em curso para a Grécia no seio da zona euro têm uma alta probabilidade de gerar um evento de crédito.

A S&P fala de uma situação de incumprimento de facto se os planos em curso para uma reestruturação “suave” forem concretizados. Nesse caso, escreve a agência, a situação passa a “default selectivo” e a baixa de rating será automática de CCC para D (em default).

Segundo a agência, a taxa de recuperação do valor investido na dívida grega deverá variar entre 30 a 50% do valor facial.

Evento de crédito em banco irlandês

Entretanto, um comité de Credit Derivatives Determinations da ISDA (International Swaps and Derivatives Association) já declarou que as operações de reestruturação de dívida em curso no banco irlandês AIB (Allied Irish Banks) prefiguram um “evento de crédito” (o termo do jargão financeiro para um default).

O organismo do mercado de derivados financeiros considerou um default as decisões tomadas a 9 de junho pelo AIB de suspender o pagamento dos juros e estender os prazos de grande parte da dívida junior. As perdas destes investidores poderão chegar até aos 90% do valor dos seus títulos e os analistas em Dublin falam de €2 mil milhões envolvidos nessas perdas. Uma oferta de “pegar ou largar” está a decorrer hoje até à meia noite hora de Nova Iorque. Esta declaração desencadeará um processo de pagamento dos credit default swaps associados ao risco de default da dívida do AIB, num montante que a BBC inglesa estima em cerca de €350 milhões, um volume que não se espera que desencadeie uma situação de stresse financeiro neste sector de derivados.

As probabilidades de default para a Grécia, Portugal e Irlanda atingiram hoje níveis recorde: 73,55%, 47,27% e 46,05% respetivamente. Espanha subiu para 21,48%. Os quatro países da zona euro integram o TOP 10 dos países com maior risco de incumprimento.

JA/Rede Expresso
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