Documento de 16 páginas sobre a vida pessoal e profissional de Ricardo Costa estava no material apreendido ao ex-espião, mas não faz parte do processo-crime das secretas.
Jorge Silva Carvalho, antigo diretor do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED) e ex-administrador do grupo Ongoing, tinha na sua posse um relatório com detalhes sobre a vida de Ricardo Costa, diretor do Expresso.
O documento, a que o Expresso teve acesso, tem 16 páginas e contém informação pormenorizada sobre aspetos pessoais e profissionais de Ricardo Costa, incluindo relações afetivas, nomes, idades e escolas frequentadas pelos filhos menores, uma análise do seu perfil e dos seus aliados e adversários, bem como um historial desde os seus tempos do liceu.
O relatório refere aspetos da vida profissional de Ricardo Costa desde que deixou o curso de Ciências da Comunicação da Universidade Nova e ingressou no Expresso, em 1989, e da passagem pela SIC, onde foi diretor da SIC-Notícias, até ter regressado ao semanário que agora dirige.
Referência ainda para o facto de ser irmão de António Costa, presidente da Câmara de Lisboa, e para a forma que encontraram para preservarem a relação profissional sem afetar a familiar.
Uma parte do material registado é de conhecimento público, acessível através da pesquisa em jornais e na Internet, mas há factos que só podem ter sido obtidos através de investigação ou por acesso a fontes fechadas. O Expresso não conseguiu apurar quando é que o relatório foi produzido ou a pedido de quem.
O ficheiro foi encontrado num dos aparelhos apreendidos a Silva Carvalho pela Polícia Judiciária, no decurso da investigação ao caso de fugas de informação das secretas para a Ongoing, mas não foi incluído nos autos do processo-crime, consultado pelo Expresso.
Um outro relatório sobre Francisco Pinto Balsemão foi também encontrado nas buscas à casa do ex-espião e faz parte do processo-crime. Os procuradores entendem que o documento com detalhes e boatos da vida privada do presidente do grupo Impresa, detentor do Expresso, ajuda a provar a forma como funcionava o triângulo entre os serviços secretos, Jorge Silva Carvalho e o grupo Ongoing, para onde o ex-espião foi trabalhar em dezembro de 2010, depois de se demitir de diretor do SIED.