“Horizontes do Futuro” voltaram a ser debatidos por Pedro Krupenski

Pedro Krupenski é presidente da direção da plataforma e diretor de desenvolvimento da Oikos

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O ciclo de conferências “Horizontes do Futuro”, iniciativa que há vários anos faz parte do programa cultural promovido pela Câmara de Loulé, regressou ao Salão Nobre dos Paços do Concelho para proporcionar uma noite de debate e troca de ideias, desta vez sobre a problemática da pobreza e da fome.

Foi em janeiro de 2020 que decorreu a última conferência antes da pandemia. Na passada quinta-feira, dia 16, Pedro Krupenski foi o primeiro orador no pós-covid, numa sessão que contou com um público interessado num tema inquietante.

O advogado, que se lançou na área da cooperação para o desenvolvimento, quis trazer para cima da mesa os contornos do contexto atual e para onde caminha “este mundo de desequilíbrios, assente num capitalismo selvagem, marcado pelo crescimento da pobreza e fome, agravado pela pandemia, pela guerra e pela alteração do clima”.

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O conferencista começou por falar da pobreza como um flagelo “multi-complexo” e “multi-causal”.

“Se não se identificarem as causas, qualquer remédio terá o mesmo efeito que tratar o cancro com aspirina”, disse, apontando os fatores que levaram a esta problemática: falta de acesso à educação (a uma educação de qualidade), falta de acesso a fontes de sustentação ou emprego, falta de reservas de recursos e de equipamentos, falta de acesso à água potável e alimentação nutritiva, conflitos, desigualdades entre países, regiões, pessoas ou ainda as alterações climáticas.

Um “elefante na sala que ninguém contesta”, apontou o orador, referindo o “modelo económico vigente, baseado no lucro a curto prazo”, como o grande responsável pela situação. “Este é um modelo mais baseado na destruição do que na construção, na ideia de que os recursos são inesgotáveis e assente mais na hegemonização do que na riqueza da diversidade”, reiterou o homem que tem estado envolvido em importantes projetos sociais como a Amnistia Internacional, a Oikos e, mais recentemente, a Fundação Oriente.

De entre as “pegadas desse elefante” estão “os paraísos fiscais que são destino de 427 mil milhões de euros por ano, que seriam dinheiros públicos para aplicar no bem comum, ou os 405 mil milhões de euros de fluxos financeiros ilícitos, nomeadamente as verbas que não ficaram no continente africano como compensação pela extração de recursos naturais”, vincou.

E se tudo isto constitui “um sistema bastante intricado no nosso modo de vida enquanto civilização ocidental dominante”, acredita que é fundamental “abrandar” e tirar proveito das coisas boas deste modelo”. “Um capitalismo retemperado com a dignidade humana e o respeito pelos recursos e pela Natureza” é aquilo que começa a ser já notório nas opções de fundo de algumas empresas que se tentam ajustar a uma mudança.

Sem querer dar uma receita ou fazer qualquer tipo de prognóstico do rumo dessa mudança, Pedro Krupenski falou da sustentabilidade como um valor acrescentado e da importância dos ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável em que deposita muita fé. “É uma agenda de todos para todos. Vai deixar de haver um modelo baseado na hegemonia da economia. Não será em 2030, mas, é a minha convicção que, daqui a uma ou duas gerações viveremos num mundo muito diferente”, disse ainda, frisando a importância daquilo que os ODS apregoam.

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