Jovens algarvios acolhem 2022 com onda de otimismo

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O JA falou com alguns jovens algarvios, de várias áreas e condições, e há unanimidade: de quem está desempregado ao empresário, do estudante ao militante político, do agente cultural ao desportista e ao embalador de sal, todos eles estão otimistas com as perspetivas para o novo ano de 2022. Já habituados aos problemas sociais e económicos do País e do Algarve, os jovens da região com quem falámos olham para o futuro com bons olhos e vontade de usufruir de um bom ano, de mãos dadas com a pandemia de covid-19, à qual se foram adaptando nos últimos dois anos

Com um impasse político e a continuação da pandemia de covid-19 como obstáculos para o “início” da vida, estes jovens não guardam numa gaveta os pensamentos positivos e lutam diariamente para dar o melhor à sociedade, nas mais variadas áreas e condições, desde estudantes, a trabalhadores e desempregados.


No desporto, o jogador do Farense Miguel Bandarra entra em campo em 2022 considerando-o como “um ano positivo” em que acredita poder-se voltar a “alguma normalidade”.


Já Fábio Zacarias, que toma posse esta quinta-feira como presidente da Associação Académica da Universidade do Algarve, destaca a “capacidade de adaptação” da sociedade à pandemia mas acredita que poderá ser “um ano de mudança e de transição”.


Igor Gago, estudante e candidato pelo Bloco de Esquerda às eleições legislativas de dia 30 de janeiro, pensa que 2022 será “um ano de esclarecimentos”.


A empresária artesã Jéssica Garcia diz “estar entusiasmada e motivada” durante o novo ano, acreditando que o sucesso depende dela mesma e da sua dedicação.


Diogo Simão é um dos profissionais da cultura algarvios que está mais otimista para o ano de 2022, tal como Carina Abreu, que se encontra neste momento desempregada.


Nas salinas de Castro Marim encontra-se Flávio Silva, embalador de sal, que este ano tem como objetivo principal tirar a carta de condução.

Miguel Bandarra

Futebolista confiante na evolução sanitária


O futebolista natural de Vila Real de Santo António Miguel Bandarra contou ao JA que está “confiante”, uma vez que em relação à pandemia de covid-19 “estamos mais protegidos em consequentemente, mais saudáveis”.

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“Acredito que 2022 será um ano positivo, em que vamos poder voltar a alguma normalidade. Apesar de ainda serem necessários muitos cuidados”, afirma.


Aos 25 anos, Miguel Bandarra sente-se “otimista em relação a este novo ano” a nível pessoal: “Espero que seja o melhor ano, como sempre se espera que um ano novo nos traga coisas muito boas”.


Quando questionado acerca da atual situação política nacional e das eleições legislativas, o vilarrealense admitiu que vota sempre porque acredita “que o voto permite-nos expressar as nossas convicções, elegendo aqueles que acreditamos fazer diferença na gestão do nosso país”.


Ao JA admitiu que considera difícil atingir-se “uma maioria absoluta estável, capaz de implementar as estratégias que o país precisa” nas próximas eleições legislativas.


“No entanto, e independentemente do partido que seja elegido, é fundamental que o trabalho a ser desenvolvido se concentre nos mais desfavorecidos para que a igualdade seja um cenário cada vez mais realista”, acrescenta.


Em relação à pandemia de covid-19, Miguel Bandarra acredita que a vacinação “é um fator essencial no controlo dos casos graves de covid-19, que resultam em mortes e sequelas e, pela forma como os portugueses aderiram à vacinação”.


“Estou confiante que em 2022 passaremos a referir-nos à covid-19 como endémica e que as pessoas possam voltar às suas vidas ditas normais”, refere.


Para 2022, tanto a nível pessoal como profissional, Miguel Bandarra espera que “seja um ano positivo”, de “grande mudança”, contribuindo “para que o Farense tenha resultados positivos e que consigamos atingir os objetivos da época”.

Fábio Zacarias

Ano “dependente da pandemia” segundo estudante


Fábio Zacarias, de 23 anos, toma posse esta quinta-feira como o novo presidente eleito da Associação Académica da Universidade do Algarve. Poucos dias antes, disse ao JA que 2022 será “um ano de mudança e de transição para aquilo que virá no futuro, porque no pós-pandemia a sociedade em si nunca será igual àquela que foi anteriormente”.


Por estar junto aos estudantes universitários, Fábio Zacarias tem assistido nos jovens “a alguma apreensão em relação à questão do mercado de trabalho” para este ano, “porque a pandemia veio demonstrar as fragilidades da economia da região”.


“Tudo o que estava virado para o turismo balnear, a partir do momento em que acabamos por ser restritos de desenvolver essas atividades de forma normal, acaba por haver aqui um grande défice. Mas depois também olhamos para um conjunto de políticas que são desenvolvidas na região que acabam depois por não conseguir suprimir as necessidades e fazer face à quantidade de quadros qualificados que são formados na Universidade do Algarve”, explica.


Para o ano de 2022, Fábio Zacarias, natural de Portimão e a frequentar o curso de Gestão, sente-se “bastante otimista porque as pessoas já começam mais ou menos a ver como é que as dinâmicas se vão desenvolvendo”.


“Temos que ser conhecedores do passado para começarmos a escrever uma história do futuro. Penso que neste momento os jovens vão ter um papel fundamental nesta dinâmica e vejo muitos com vontade de inovar, aprender e fazer aprender. O ano de 2022 é uma estaca zero que irá de hoje em diante até, pelo menos, nos próximos 10 anos”, acrescenta.


Em relação ao impasse político de Portugal, o jovem estudante acha que “possivelmente poderá ser uma mudança, porque começa-se a ver que a direita começa realmente a ver que poderá chegar ao poder a seguir a estas eleições legislativas”.


“Acho que além de votar ser um direito, é um dever que foi combatido pelos nossos avós, bisavós e trisavós para podermos viver em democracia. Ainda assim continuamos a assistir a uma grande fatia da população que acaba por se abster, que acaba por não ir votar. É fundamental o povo ir votar, dar a sua opinião e dar o seu contributo porque não é só um direito, é também um dever cívico”, explica.


Para este novo ano, Fábio Zacarias vai dedicar-se a 100% à defesa dos direitos dos estudantes, com o objetivo de “fazer um bom trabalho pela academia, pela Universidade do Algarve e pela região no seu todo porque acredito que a universidade pode ser aqui uma incubadora de desenvolvimento regional”.

Igor Gago

“Não esqueçam a crise climática!”, grita militante político


Natural de Olhão e um dos candidatos do Bloco de Esquerda pelo círculo de Faro às eleições legislativas, Igor Gago olha para 2022 como um ano de esclarecimentos, onde “no campo político o país irá decidir como será a composição ideológica do novo governo, e no campo da saúde teremos
uma melhor ideia de como será o futuro da pandemia, se é uma realidade que vai continuar connosco durante muito tempo ou se seremos mesmo capazes de a erradicar”.


O jovem de 23 anos acredita “que o que está para vir é melhor do que o presente” e que “2022 será melhor do que 2021, especialmente no que toca à pandemia, que é o tema que mais tem marcado as nossas vidas”.


Licenciado em Engenharia Física e a frequentar um mestrado na mesma área no Instituto Superior Técnico, Igor Gago conta que votou em todas as eleições desde que completou 18 anos e que nas próximas não irá falhar.


“Cada um de nós, com as nossas diferentes convicções, quando vota, pode decidir sobre o que quer para o futuro do país. Algumas pessoas votam nas pessoas que querem ver eleitas, outros votam porque concordam ou discordam com os partidos em alguns assuntos e outros têm mesmo um método extremamente complexo para decidir em quem votar”, salienta.


Para Igor, as próximas eleições podem ou não ser a solução para o atual impasse político nacional, pois “depende da relação de forças entre os partidos que surgir após” as votações.


“Como jovem de esquerda, acredito que o melhor cenário possível para o país é um novo parlamento com expressividade reforçada à esquerda. Um parlamento que consiga responder a problemas como a falta de habitação acessível, a precariedade crescente e a crise climática”, explica.


Em relação à pandemia de covid-19, o jovem acredita que haverá “mais liberdade” e que poderá ser um regresso à vivência anterior a 2020.


“No entanto, para que não apareçam novas variantes com mutações mais perigosas, é necessário que haja um esforço internacional para a distribuição das vacinas pelas zonas mais pobres do planeta. A imunização global é imperativa para acabarmos de vez com a pandemia”, acrescenta.

Jéssica Garcia

Empresária reclama “alguma normalidade”


Jéssica Garcia tem 29 anos e as suas mãos produzem brincos artesanais. Atualmente a dedicar-se a 100% ao seu projeto intitulado “AmmarEla”, a jovem farense espera que em 2022 possa realizar outros objetivos” de modo a expandir e fazer crescer” a sua marca.


“Na minha área o sucesso depende muito do meu esforço e dedicação como também da minha criatividade. Estou otimista em relação ao que será o ano de 2022 porque pretendo dar 200% de mim para que isso aconteça e estou com muitas ideias que me ajudam a encontrar a motivação para isso”, explica ao JA.


Já em relação às eleições legislativas do dia 30 de janeiro, a artesã algarvia não está otimista e até pondera não exercer o seu direito de voto.
“Acho que tenho essa obrigação como cidadã, mas não sinto muita vontade disso. No que toca a política, sinto que nos tempos de hoje fica difícil decidir o que é melhor para o País, como confiar em quem quer que seja e nas promessas que fazem. Acredito que os deputados procuram o poder e não o bem para o País”, acrescenta.


Neste aspeto, a fundadora da marca “AmmarEla” não acredita que “vá haver grandes melhorias e soluções”.


Relativamente à pandemia de covid-19, Jéssica Garcia espera “que isto acalme”, tal “como qualquer pessoa no mundo”.


Para este ano, a artesã pretende expandir a sua marca, dedicar-se às mulheres e “fazê-las acreditar que podem ser o que elas quiserem”, com o objetivo de “fazer com que toda a mulher tenha direito de se sentir bem naquilo que é”.


As suas peças feitas à mão são “um pequeno acessório que dá personalidade” a cada uma das suas clientes, que “define um pouco aquilo que elas são, ou querem ser”.


“Desde uma peça nude para uma mulher mais simples que gosta de passar por despercebida até a uma peça cheia de cores alegres para a mulher que quer marcar a sua presença. Vou dedicar-me a dar esta força a quem precisa dela, como a mostrar que nós só dependemos de nós mesmas para alcançar aquilo que queremos”, acrescenta.


Outro dos objetivos da jovem farense é frequentar formações de estética e produzir peças de roupa da sua marca.


“O foco são os meus brincos e as mulheres, enquanto as perspectivas que tenho é juntar o útil ao agradável. Gosto de inovar e mudar. São características que me definem tanto pessoalmente como profissionalmente”, confessa.

Diogo Simão

Agente de cultura acha que “o pior já passou”


Diogo Simão é um profissional da cultura com 27 anos, natural de Pechão, que considera que este não será de recuperação, “mas sim um sara de feridas maior do que foi 2021”.


Ao JA, o jovem algarvio que também trabalha na candidatura de Faro a Capital Europeia da Cultura, salienta que “o pior já passou em relação à pandemia” e que “em 2022 vai começar a apaziguar como aconteceu o ano passado”.


“A pandemia não é só a pandemia. É também aquilo que provocou”, acrescenta.


Em relação à sua área de trabalho, Diogo Simão classificou o ano de 2021, principalmente o último trimestre, como “muito ativo”, uma vez que “houve muitas ideias a borbulhar que só se conseguiram concretizar no final do ano, como festivais e eventos”.


Estas iniciativas, segundo o jovem, “fizeram com que fosse completamente impossível apontar o dedo à época baixa neste último trimestre”.
“Isto mostra que há vontade das pessoas saírem de casa e viverem novamente”, refere ao JA.


No final do ano passado “houve um momento em que várias coisas estavam a acontecer e depois, infelizmente, houve um retrocesso”, segundo o jovem.


“A verdade é que há muitas dificuldades no setor da cultura. Foi um momento muito propício criado pela pandemia que exigiu que todos os criadores e produtores ficassem limitados no que podiam fazer. Mas estou confiante que 2022 será o ano em que se recuperará o que se perdeu nestes dois últimos anos”, acrescenta.


Em relação ao impasse político vivido atualmente em Portugal, Diogo Simão acredita que uma possível solução “depende sempre de quem vota”.
“Sei que a minha geração está cada vez mais instruída politicamente com cada vez mais vontade de estar atualizada nesse assunto. A única coisa que posso fazer, enquanto cidadão livre, é lutar para que cada vez mais as pessoas estejam informadas para fazer a sua escolha de forma consciente”, salienta.

Carina Abreu

Desempregada procura trabalho de sonho já em 2022


Aos 27 anos, Carina Abreu encontra-se desempregada, mas espera que em 2022 encontre o seu “trabalho de sonho”, além de ter como objetivo “crescer enquanto pessoa e enquanto profissional”.


Ao JA, a jovem de Vila Real de Santo António espera que a “queda” da pandemia “seja uma constante” e que através da vacinação e da responsabilidade social “consigamos respirar mais aliviados neste novo ano”.


“Espero que seja um ano de mudança, de crescimento e de metas atingidas”, acrescenta ao JA.


Carina Abreu admite estar otimista em relação a 2022, uma vez que “o pior já passou”, acreditando que este “seja o melhor ano” e que irá “trabalhar para que assim o seja”.


Para a jovem, a covid-19 “veio para ficar”, mas acredita que “as nossas vidas aos poucos voltem à normalidade”.


Já em relação ao atual impasse político de Portugal, a jovem vilarrealense afirma que vai votar pois “é um direito nosso, que foi adquirido a muito custo, para que pudéssemos ser voz ativa na sociedade”.


“Sendo mulher, este direito chegou ainda mais tarde. E se quero participar, criticar ativamente a sociedade onde vivo, tenho de fazer pela mudança que quero ver no nosso país. Ficar sentada à espera que os outros votem da maneira que espero, é como dar um tiro no pé”, salienta.


Para Carina Abreu, as eleições legislativas de 30 de janeiro vão ser “o início da solução”: “Politiquisses à parte, acho que está na hora de se fazerem coligações fortes, não para atacar os outros partidos, mas sim, para todos juntos encontramos as soluções certas”.


Para este ano, além de ter esperança em encontrar trabalho numa área que goste e com que se identifique, a vilarrealense espera ainda conseguir apostar na sua formação, para posteriormente comprar a sua casa e começar a construir o seu futuro ao lado do seu marido e filhos.

Jovem operário quer tirar a carta em 2022


Flávio Silva tem 29 anos e no seu dia-a-dia é embalador de sal na sua terra natal, em Castro Marim, em plena Reserva Natural do Sapal. Considera-se um otimista por natureza e em relação a este novo ano de 2022 a sua opinião pessoal é positiva.


Já relativamente à pandemia de covid-19, o jovem Flávio Silva admite ter algumas dúvidas, apesar de ter esperança na terceira dose da vacina contra a doença.


“Acredito que as coisas irão melhorar. Não é acredito é que seja assim tão rápido. Espero bem que seja este ano, mas se calhar não será”, acrescenta ao JA.


Quando questionado sobre as próximas eleições legislativas do dia 30 de janeiro, o embalador de sal de Castro Marim afirma que vai exercer o seu direito de voto, mas considera que o impasse político atual em Portugal irá continuar.


“Acho que vamos continuar neste impasse político e vai tudo ficar na mesma. No entanto, acho que haverá uma mudança. Esperemos é que seja para melhor”.


A nível pessoal, Flávio Silva tem como objetivo para o novo ano de 2022 conseguir tirar a carta de condução, enquanto profissionalmente só espera que “o trabalho continue”.

Gonçalo Dourado

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