Líder dos republicanos “não está pronto” para apoiar Trump

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Numa extraordinária rejeição do presumível nomeado do Partido Republicano para disputar as eleições presidenciais dos Estados Unidos em novembro, Paul D. Ryan declarou na quinta-feira à noite (madrugada desta sexta em Portugal) que “não está pronto” para apoiar Donald Trump — dois dias depois de o magnata populista e demagogo ter vencido as primárias do Indiana e praticamente garantido a nomeação republicana, perante o abandono da corrida pelos seus dois únicos rivais, o senador do Tea Party Ted Cruz e o governador do Ohio, John Kasich.

Numa demonstração de divisões internas a que não se assistia no Grand Old Party (GOP) “há pelo menos meio século”, como apontado pelo “New York Times”, o líder da maioria republicana na Câmara dos Representantes e presidente da Convenção Nacional Republicana anunciou numa entrevista à CNN que para já não pondera apoiar formalmente Trump.

“Penso que os conservadores precisam de saber: será que ele partilha os nossos valores e princípios sobre um Governo com poderes limitados, sobre o papel apropriado do Executivo, sobre a adesão à Constituição?”, questionou Ryan, contrariando promessas anteriores de que iria apoiar o nomeado republicano nas presidenciais. “Penso que existem muitas questões para as quais os conservadores vão precisar de respostas.”

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Em menos de uma hora, Trump respondeu publicamente ao repto lançado pelo líder dos republicanos, deixando claro que não vai alterar a sua postura para agradar aos membros do partido pelo qual pretende ser candidato presidencial — ainda que, após a vitória no Indiana, tenha prometido que vai “unir” os republicanos. Em comunicado, o candidato virtual do partido disse não estar “preparado para apoiar a agenda do líder Ryan”.

“Talvez no futuro possamos trabalhar juntos e alcançar um acordo sobre o que é melhor para o povo americano”, declarou Trump. “Eles têm sido tão mal-tratados há tanto tempo que já era altura de os políticos os porem em primeiro lugar!”

Ryan não deixou claro se vai ou não alterar a sua postura no futuro, para dar ou recusar o seu apoio a Trump na convenção de julho, de onde sairá o candidato oficial republicano às presidenciais. A sua ambivalência põe-no em rota de colisão com Reince Priebus, o atual presidente da Comissão Nacional Republicana, que no passado declarou que iria dar a nomeação ao candidato que conseguir garantir o mínimo de 1237 delegados eleitorais, mesmo que esse candidato seja o fraturante Trump.

De acordo com o “New York Times”, quando Priebus declarou Trump como o “presumível candidato republicano” na terça-fera, deixou claro que vai obrigar os membros do partido a cumprir os padrões e métodos do partido no que toca à nomeação do candidato. O seu porta-voz, Sean Spicer, disse à CNN, logo após a entrevista de Paul Ryan, que Priebus não estava à espera daquelas declarações.

Ryan não está sozinho contra Trump. Depois de o magnata do imobiliário ter garantido a importante vitória no Indiana, George H. W. Bush e George W. Bush, ambos antigos Presidentes dos EUA (os únicos republicanos que ocuparam o cargo e que ainda estão vivos), declararam que não vai apoiar o candidato presumível do partido.

Num artigo publicado na quarta-feira, a Vox compilou uma lista, que poderá engrossar ao longo das próximas semanas, de todos os membros do Partido Republicano que já declararam que vão apoiar Hillary Clinton, a provável candidata democrata às presidenciais, para não darem o seu voto a Trump.

Joana Azevedo Viana (Rede Expresso)

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