Apesar dos avisos de perigo para a saúde, as telhas de fibrocimento com amianto continuam a cobrir oito dos doze centros de saúde construídos no Algarve com aquele material, que já foi banido em toda a Europa. Na região, apenas nos últimos dois anos é que escolas e muitos outros edifícios públicos começaram a substituir as telhas com amianto, sendo que a operação é delicada e deverá prolongar-se pelos próximos anos. Até lá, o Algarve vai continuar exposto aos riscos do amianto.
A maioria dos algarvios desconhece o perigo, mas centenas de edifícios espalhados por toda a região, provavelmente até milhares, apresentam coberturas de fibrocimento que contêm amianto, um cancerígeno muito perigoso para a saúde pública.
O problema estende-se inclusivamente aos centro de saúde da região, onde foram construídos doze edifícios com telhas contaminadas com amianto. Destes, já foi realizada a remoção das telhas de fibrocimento em quatro centros de saúde, sendo que em oito o perigo continua à espreita… E logo num local onde as pessoas vão para tratar as suas doenças!
Em Tavira e Loulé a intervenção já foi realizada, enquanto em Olhão já foram retiradas cerca de 75 por cento das telhas. Por seu lado, no centro de saúde de Lagos, a operação está a decorrer desde janeiro deste ano, estando a levantar alguma polémica devido à forma como estão a ser removidas as telhas.
Entretanto, a Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve adianta que ainda falta proceder à substituição das telhas com fibrocimento nos centros de saúde de Albufeira e Silves (exceto o internamento), Alcoutim, Aljezur, Lagoa, Vila do Bispo, Vila Real de Santo António e Olhão (cerca de 25 por cento).
Motivo de grande preocupação
Isto significa que, todos os dias, os médicos, enfermeiros e auxiliares, bem como a população que se desloca a estes centros de saúde, está em contacto com material cancerígeno, que já foi banido de toda a Europa há vários anos.
Para os especialistas, a presença de amianto em telhas de fibrocimento utilizadas na construção de escolas, centros de saúde e muitos outros edifícios públicos da região, nos anos 70 e 80, é “um motivo de grande preocupação”.
A ARS Algarve admite que “a exposição prolongada às fibras de amianto (20 a 40 anos) está associada ao cancro do pulmão e sobretudo mesotelioma”.
No entanto, a mesma fonte desdramatiza a situação no Algarve, adiantando que “apenas existe risco acrescido quando o fibrocimento se encontra em mau estado de conservação ou, sobretudo, nos trabalhos de demolição”.
A ARS assegura ainda que, quando se verifica a necessidade de remoção das coberturas, essa tarefa é sempre executada por uma empresa devidamente certificada, que tem de apresentar um plano de trabalhos e aguardar pela autorização da Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT).
Metade das escolas também têm coberturas de amianto
A polémica em torno das telhas de amianto em edifícios públicos algarvios ganhou forma quando, em junho de 2009, o Jornal do Algarve denunciou que cerca de metade das escolas da região apresentava coberturas de amianto.
A situação melhorou em vários estabelecimentos de ensino desde então, nomeadamente em Portimão e Albufeira, mas muitos edifícios, entre os quais os centros de saúde, continuam a representar uma ameaça para a saúde das pessoas.
Isto apesar de, em 2003, a Assembleia da República ter aprovado por unanimidade a remoção das placas de fibrocimento das escolas… No entanto, só agora as consciências parecem estar a despertar para os riscos associados ao amianto.