Neto Gomes evoca legado de Tenazinha e reaviva história do ciclismo algarvio

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Foi no sábado, 14 de outubro, que o auditório do Solar da Música Nova, em Loulé, se encheu de amigos, curiosos e entusiastas do ciclismo que assistiram à apresentação do livro que homenageia um dos maiores ciclistas algarvios de todos os tempos – Vítor Tenazinha – “Brioso, Valoroso, Combativo”, da autoria do jornalista Neto Gomes. No mesmo dia, na mítica Rotunda do Ciclista, foi (re)inaugurada uma faixa com os nomes dos ciclistas que representaram as equipas de Loulé na Volta a Portugal, entre 2000 e 2022.

“O Tenazinha fez do ciclismo a sua vida. Foi um homem marcante para o ciclismo algarvio, tão marcante que quando foi para o Benfica dizia-se que o ciclismo em Loulé ia acabar… Pela influência e importância que ele tinha. Estava rodeado por uma série de corredores como Casimiro Cabrita, Perna Coelho, entre outros, que foram uma geração fundamental para a memória do ciclismo”, contou ao JA o autor. 

No dia da apresentação, o antigo ‘speaker’ da Volta a Portugal realçou como pontos altos “a importância” da presença de Artur Moreira Lopes, “figura carismática do ciclismo” e antigo presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo; “a forma simples” com que a viúva de Tenazinha, Maria José, se expressou sobre o atleta; o discurso do presidente da Câmara de Loulé, Vítor Aleixo, que, confessa, o deixou “emocionado”; e por fim, o número de pessoas que marcaram presença no Solar da Música Nova “para ouvir uma história com interesse”. 

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A obra, que biografa as memórias de Tenazinha no seu percurso desportivo (mas também pessoal), com testemunhos escritos, recortes de jornais, fotografias da família, amigos, colegas e de muitos com quem ele privou, é também “um importante documento para a história do ciclismo português”, explica o também colaborador do JORNAL do ALGARVE.

No discurso que deixou Neto Gomes “emocionado”, Vítor Aleixo não guardou nenhum elogio e agradeceu ao jornalista, inúmeras vezes, “as diversas obras que valorizam o ciclismo e o desporto”, bem como “a qualidade e rigor” do seu trabalho jornalístico. 

“Neto Gomes tem sido um grande escritor, um grande jornalista, um grande animador desportivo e uma pedra viva brilhante da nossa comunidade”, afirmou o autarca. Referindo-se à biografia de Tenazinha, acredita que o trabalho de Neto Gomes “ficará na história local desta terra como um marco”. 

Vítor Aleixo

Já sobre Vítor Tenazinha, “ídolo” da sua juventude, Vítor Aleixo recorda “a sua força bondosa e tranquila (…) que nos permite conhecer melhor a evolução do desporto na sociedade louletana”, recordando que Loulé entrou pela primeira vez numa etapa da Volta a Portugal em 1933, com corredores do Louletano Desportos Clube.

“O legado de Vítor Tenazinha foi e é importante também para a construção e educação de valores. Porque o ciclismo é esforço, trabalho, competição leal e, mais do que tudo, superação”, enaltece. 

“Há caminho a fazer no ciclismo”

Numa terra onde “o ciclismo é rei”, o presidente da autarquia louletana reconhece, contudo, “que há um caminho a fazer no que diz respeito aos equipamentos desportivos para a prática desta modalidade”. 

“Lá chegará o dia porque uma terra como Loulé não pode deixar de olhar para o ciclismo como uma modalidade que lhe diz muito e que terá sempre que ser apoiada”, assegura. 

A obra tem prefácio do ex-Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, conterrâneo de Tenazinha, e conta com mensagens do presidente da Câmara Municipal de Loulé, Vítor Aleixo, e do presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo, Delmino Pereira.

“Vítor Tenazinha – Brioso, Valoroso, Combativo” junta-se à já extensa lista de obras da autoria de Neto Gomes que tem dedicado grande parte do seu trabalho à recolha e documentação do património humano algarvio.

Para breve, “ainda este ano”, Neto Gomes prepara-se para apresentar o livro do centenário do Louletano Desportos Clube, que segundo o próprio, “pode ser um projeto considerado louco porque ninguém faz dois livros, num total de 700 páginas em oito meses”, brinca. 

Ao JA, revelou ainda mais duas “loucuras” que anda a fazer: uma obra, a pedido da Câmara de Lagoa, em homenagem a Abel Santos (presidente que iniciou atividade logo depois do 25 de Abril de 1974) e outro livro que conta a história de Parreira Afonso, para si “a alma da empresa Rolear”. 

Sobre Vítor Tenazinha 

Vítor José Tenazinha Sousa nasceu a 25 de outubro de 1941, em Boliqueime (Loulé). Venceu etapas em grandes prémios e na “Volta a Portugal”. Chegou a fazer parte da Seleção Portuguesa que disputou a “Volta a Espanha”, em 1962. Em 1965, última temporada em que representou o Louletano, foi selecionado para a “Volta ao Futuro” (França) e obteve o 11.º lugar na “Volta a Portugal”. Passou depois pelo Benfica ao lado de ciclistas como Peixoto Alves, Francisco Valada, Fernando Mendes, Américo Silva e afirmou-se no Sporting, desfilando com João Roque, Leonel Miranda, Sérgio Páscoa, Firmino Bernardino e Joaquim Agostinho.

Terminada a sua carreira emigrou para os Estados Unidos, tendo regressado à sua terra natal para investir em Vilamoura e Quarteira. Em 1994, foi agraciado pela Câmara Municipal de Loulé com a Medalha Municipal de Mérito – Grau Bronze.

Vítor Tenazinha faleceu a 7 de setembro de 2022.

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