Paulo Alves quer rejuvenescer a população e mais apoios ao investimento

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JORNAL do ALGARVE (JA) – Ganhou estas eleições com quase 50% dos votos, fazendo lembrar os scores de Carlos Tuta. Qual a análise que faz das razões deste sucesso. Foi mérito seu e da sua campanha ou os monchiquenses ficaram fartos da governação do PSD?
Paulo Alves –
Foi um resultado histórico para o PS em Monchique. Este ano o PS alcançou um resultado histórico que foi conquistar a maioria desde a câmara e assembleia municipal e às três juntas de freguesia. Não dependemos de ninguém para governar, foi um resultado claro. As pessoas quiseram premiar o esforço do PS já no poder, mas na Câmara, onde já tínhamos concorrido há 4 anos, fizemos um trabalho intenso, meritório, com uma equipa unida, que se juntou há quatro anos, mas tem vindo a trabalhar na oposição, uma oposição construtiva. Quando estivemos no lado da solução, soubemos estar e as pessoas reconheceram esse trabalho.


J.A. – Acha que as pessoas tinham saudades do Carlos Tuta ou estavam cansados do Rui André?
P.A. –
Nem uma coisa nem outra. As pessoas reconhecem o trabalho do tempo do Caros Tuta, que grande parte das infraestruturas que existem em Monchique foram feitas no tempo do Carlos Tuta, que algumas dessas infraestruturas não foram devidamente cuidadas nesta legislatura do Rui André… pode ter sido por aí, mas não: o mérito é do nosso trabalho nestes últimos quatro anos, as pessoas reconheceram-nos, viram em nós uma equipa coesa, unida, capaz de executar o programa a que se propõe.


J.A. – Quais os principais defeitos que aponta ao seu predecessor na autarquia?
P.A. –
Ficava mal apontar defeitos ao Rui André, que entregou o mandato agora no sábado. Era deselegante. Reconheço que ele tem uma personalidade forte e às vezes cultiva essa personalidade. Algum culto de personalidade. Mas seria deselegante apontar este ou aquele defeito. O resultado das eleições traduz a opinião das pessoas em relação ao passado, agora há que olhar para o futuro.


J.A. – Disse que quer tomar o pulso à autarquia assim que lá puser os pés. Quais as suas expectativas? Monchique está em baixo?
P.A. –
Quando me refiro a tomar o pulso refiro-me à parte das pessoas, à cultura motivacional da própria câmara. Porque os empregados da Câmara são do melhor que nós temos e eles têm que estar motivados para cumprir o seu papel perante a população. Quero saber o que sentem, as suas motivações, as expetativas, para poderem atuar em termos de organização, com o foco de preparar a estrutura da melhor forma.


J.A. – E Monchique afinal está em baixo ou está em cima?
P.A. –
Para mim Monchique está sempre em cima! Porque eu tenho um amor muito grande por esta terra! Monchique, em termos de território, de destino turístico, de potencialidades, está em cima. Agora na altura da pandemia muita gente se refugiou em terras do interior. Monchique tem um potencial enorme em termos de negócios. Energias renováveis, a parte termal, produtos endógenos, ou outros que venham a aparecer. Claro que nós aqui precisamos sempre da colaboração das estruturas centrais. Do Governo, da CCDR, da própria AMAL. Em termos da captação de fundos públicos para o interior o Governo já tem algumas medidas diferenciadoras e o principal desafio que nós temos aqui é rejuvenescer esta população e estancar a fuga da população para o litoral.


J.A. – Em relação ao PRR quais são as suas expetativas?
P.A. –
O município vai fazer tudo para aproveitar ao máximo as verbas do PRR. Temos que atuar de imediato na elaboração de uma estratégia local de habitação. Muitos concelhos à nossa volta já a têm no terreno, mas em Monchique não há e é necessária, é importante para a fixação sobretudo dos mais jovens. Para construção, arrendamento ou aquisição.


J.A. – Monchique perdeu 9,6% (500 pessoas) da sua população em 10 anos, segundo os Censos. Como estancar a desertificação demográfica do concelho?
P.A. –
Não é só um problema de Monchique, é um problema geral do interior de Portugal. E nós aqui acabamos por ser de um falso interior, porque Monchique fica a 20 quilómetros do mar e a uma hora de um dos principais aeroportos nacionais. Mas quando vemos a distribuição dos apoios e investimentos vemos que eles são maioritariamente feitos no litoral e nós não temos cá vias férreas nem aeroportos.


J.A. – E porque fogem as pessoas de Monchique?
P.A. –
Porque este território não corresponde às expetativas de vida das pessoas. Ter um emprego, acesso à habitação, cuidados de saúde, os concursos para médicos ficam desertos… tudo isso é um problema. E nós queremos facilitar o acesso ao emprego, criação de postos de trabalho. Temos a ideia de criar um gabinete de apoio a ideias e negócios, incluindo jovens licenciados que possam fazer parte desse gabinete e podem fazer cá os seus estágios e que possam depois colaborar com o tecido empresarial e social. Temos a ideia de criação de um parque empresarial, projeto que já vinha de trás, e que vamos fazer avançar.


J.A. – Em relação ao emprego, Monchique tem condições para ter infraestruturas empresariais que fixem as pessoas?
P.A. –
Há uma medida que temos que implementar, que é a cobertura digital o mais eficiente possível do território, porque isso vai fazer com que as pessoas possam vir para cá trabalhar a partir de casa. Hoje o teletrabalho já é uma realidade. Em Monchique há muitas zonas que não têm uma cobertura digital eficiente e compete à câmara promovê-la. Há o parque empresarial e não podemos esquecer que temos o Hotel Monchique, a vila termal, a Sociedade das Águas de Monchique, entre outras empresas…


J.A. – Monchique tem sido flagelado por muitos incêndios nas últimas décadas. Acha que a reflorestação está a decorrer ao ritmo desejável? O que se deveria fazer mais?
P.A. –
Há um importante programa de reordenamento da paisagem, quer no combate a incêndios quer na organização da paisagem – o Plano de Reordenamento das Paisagens das Serras de Monchique e de Silves. A câmara tem recorrido a alguns apoios, mas é necessário mais. Clarificá-lo, implementá-lo, nomeadamente na criação das áreas de gestão integrada da paisagem. Conto apoiar o plano para poder introduzir mudanças na paisagem e tornar a floresta mais resiliente aos incêndios.

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João Prudêncio

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