Polícia tenta impedir mãe com bebé de se manifestar por causa da chuva

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No passado dia 8, pelas 18h00, junto ao Tribunal de Faro, enquanto decorria a marcha pelos direitos das mulheres, dois agentes de polícia tentaram impedir uma manifestante de participar, com o seu bebé, por causa da chuva.

No ajuntamento para a marcha, dois agentes de polícia confirmaram o trajeto, dirigindo-se ao grupo de manifestantes. Ao verem chegar uma mulher com o seu bebé no carrinho, “bem protegido por uma capa de chuva própria para dias chuvosos” segundo a organizadora Rede 8M, “o agente perguntou-lhe se ia participar na marcha com o bebé”. A senhora respondeu-lhe de forma afirmativa tendo a autoridade afirmado que iria “pôr em risco a criança”, revelou aquela associação, em comunicado.

A organização salientou que as autoridades explicaram “num tom claramente intimidatório” que a chuva e as possíveis situações de risco que a manifestação poderia ter para o bebé  seriam os motivos que impossibilitariam a mulher de participar na marcha. Em caso de insistência teria de ser identificada, podendo-se até “reportar a situação à CPCJ”. As manifestantes defenderam o direito à participação, adiantando que “qualquer mãe tem, obviamente, o direito de andar na rua com o seu bebé, faça chuva ou sol”.

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As companheiras desta associação realçaram que não prosseguiram de imediato a marcha, tendo de esperar pela chegada dos superiores destes agentes. “Ao chegar a Comissária, repetiu a conversa, mas alegando que o agente em questão era uma pessoa ‘’muito zelosa e cuidadosa’, desvalorizando por completo o tom autoritário que usou desde o início”.

A marcha acabou por prosseguir mas, no final, enquanto aquela mãe se dirigia para o seu carro “o agente seguiu-a, tirou foto da matrícula do carro em que se ia deslocar e confirmou que iria usar a matrícula para fazer “auto” da situação e para identificar a nossa companheira”, explica a Rede 8M.

Em comunicado, a PSP de Faro, enfatizou, que a intenção dos agentes ao abordar a mulher, era que a criança não fosse colocada em risco e que fosse protegida, perante “condições meteorológicas, designadamente temperatura baixa, vento e chuva”.

No entanto, “a cidadã discordou e desvalorizou a análise de risco efetuada e transmitida pelos polícias, tendo participado, com o bebé, na manifestação”, revela a polícia de segurança pública. Como os direitos fundamentais – o direito de manifestação e o direito à integridade física do menor estariam em causa, “a polícia permitiu a participação da cidadã da manifestação garantindo, por outro lado, um permanente acompanhamento do menor para uma eventual intervenção”, caso as condições se agravassem e, por essa via, aumentasse o risco para o mesmo.” Tomando em consideração que “o menor poderá ter sido colocado numa situação de risco, a PSP reportou a ocorrência à Comissão de Proteção de Crianças e Jovens em Risco, para apreciação.”

Questionada, telefonicamente, em relação ao tom mais agressivo dos polícias aquando da abordagem à senhora, o comissário distrital de Faro Dário Prates respondeu, em exclusivo ao nosso jornal, que os agentes não interpelaram a mulher de forma intimidatória e autoritária, mas sim em conformidade. No que diz respeito ao registo fotográfico da matrícula, a PSP foi interrogada pelo JA mas revelou que desconhece a circunstância ocorrida.

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